segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Algemas para os gatunos

Paulo Roberto Costa demonstrou ser mais sagaz que Marcos Valério. Este confiou demais na turma lulo-petista que lhe acenara com a absolvição ou, ao menos, uma expressiva redução de eventuais penas, caso condenado. Uns dias em cana e, logo logo, estaria livre como um passarinho para desfrutar pacificamente dos cabedais amealhados. O grande azar dele foi trombar com um Joaquinzão no meio do caminho. Duro, áspero, inflexível, corajoso e justo, o ex-ministro Joaquim Barbosa conduziu-se da maneira que todos os brasileiros gostariam de ver operando nos tribunais. Juízes e, não, mamulengos venais comerciando sentenças e favores.

Antes do início do julgamento, Marcos Valério poderia ter lançado mão do instituto da delação premiada. Vacilou, como se diz. Levado na maciota pelos espertos petistas, ficou mudo como um frade de pedra. Quando acordou e vislumbrou que o pau de bosta ficaria na sua mão, tentou delatar a turma e os fatos mas, aí, já era tarde. Resultado: 40 anos de cana, destruição da família e sangria patrimonial que resultaram no fim de sua vida como homem e como cidadão.

Paulo Roberto Costa desconfiou que o destino que lhe estava reservado pela companheirada repetiria a trajetória de Marcos Valério. Os chefões escapariam como sempre fazem (Lula é o exemplo mais notório). O rabo de foguete sobraria mesmo é para ele e sua família. Ninguém viria em seu auxílio, concluiu. Os petistas são animais políticos em seu sentido mais amplo. Solidariedade para eles significa uma relação onde um entra com as costas e o outro com o chicote (e ainda deve pedir desculpas por estar ajoelhado). Na hora do pega pra capar, eles pulam fora e só tentam salvar os seus, e olhe lá. Zé Dirceu, João Paulo e Genoíno que o digam.

Em vista disso, Paulo Roberto Costa resolveu abrir o bico, e contar tudo que sabe sobre as roubalheiras na Petrobrás, na esperança de merecer os favores da legislação. Dados os riscos que corre, dificilmente relataria algo que não pudesse provar. As denúncias publicadas pela revista VEJA, na semana que passou, devem ser complementadas na próxima edição, seguindo velha técnica jornalística de sempre deixar reservado um pouco do material, para ser divulgado depois de armado o fuzuê. Por isso o silêncio ou despiste dos envolvidos. Eles não podem dar explicação ou negar fatos sem saber o que a revista publicará no próximo final de semana. 

O tal Alberto Youssef, doleiro que operava para a turma, que fique velhaco também. É outro candidato a ser vizinho do Marcos Valério, enquanto as lideranças petistas buscarão abrigo com os gentis ministros dos tribunais superiores, conforme todo mundo viu no julgamento do mensalão. Pelo divulgado até o momento, essa gente fez muita merda. O destampar do pinico causará uma comoção nacional, principalmente se o material em estoque naquele for jogado no ventilador. Haverá, no mínimo, se não um dilúvio, ao menos um tsunami de bom tamanho.

Os candidatos adversários do PT e associados deveriam enfeitar o estúdio, onde gravam seus programas eleitorais, com inúmeras algemas e correntes, daquelas que os presidiários americanos usam nos filmes policiais sujeitando as canelas. Peados e algemados, tal é o quadro que o Brasil que presta gostaria de testemunhar. Esse é o pano de fundo da decoração: algemas em todos os lugares; penduradas nas paredes, no teto e em cima das mesas, bem ao alcance das mãos. O povo entenderia perfeitamente a simbologia.     

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