sexta-feira, 12 de setembro de 2014

54 puxa-sacos

O dia 11 de setembro é uma data aziaga. Entre outros acontecimentos trágicos, do mesmo dia e mês, encontra-se a destruição das torres gêmeas em Nova York, o mais impactante ataque terrorista já visto até hoje. 

Pois não é que 54 reitores das universidades federais brasileiras resolveram inscrever seus nomes na rica história das infâmias pátrias? A Folha de São Paulo desta sexta feira noticia que, ontem, estupenda coluna das magníficas autoridades acadêmicas visitou dona Dilma. Não se sabe se no Palácio do Planalto ou no da Alvorada; se na hora de trabalho ou já fora do expediente. A propósito, teriam eles recebido diárias e passagens aéreas para a visita, ou custearam seu mini-comício com recursos próprios? 

O beija-mão teve um propósito claro: levar a dona Dilma uma carta de apoio na qual os doutos burocratas dizem reconhecer que "o Brasil está no rumo certo". A notícia divulgada não informa se Suas Magnificências estavam de joelhos, ou se algum dos osculadores lambeu ou babou nas mãos papudas da esquisita dama.

O reitoral puxa-saquismo neste 11 de setembro pode ser equiparado àqueles atos terroristas que abalaram a civilização ocidental. Com seu gesto vergonhoso, aquela mais de meia centena de dirigentes universitários sacudiu os pilares da ética e da moralidade públicas, que deveriam, por princípio, amparar as mais ilustres instituições de ensino superior do Brasil. De que vale a lei 9.504/97?

No fim, restaram todos com o nariz marrom. Agora fica claro qual a razão do silêncio da Academia nos últimos anos (com raras exceções), frente aos desmandos, a incompetência e a corrupção que grassam no governo federal. Achar que o Brasil está no rumo certo? É bem capaz de nem os petistas acreditarem em tal insanidade. Os ditos reitores, entretanto, conseguiram ver coisas que ninguém, normal ou mesmo fronteiriço, conseguiu. 

O famoso espírito crítico, de tão alardeada existência nas instituições de ensino, pelo visto virou fumaça. Deve ter sido abafado pelos favores pecuniários (bolsas de montão, isentas de imposto de renda), que tanto agradam à moçada. Isso prova o quão equivocados estão aqueles que criticam os pobres, das periferias e dos grotões nordestinos, brindados com pouco mais de R$100 reais ao mês, em média, para sustentarem suas famílias, por votarem como votam. Há bolsistas mais gulosos e mais favorecidos nas classes médias. Seus votos vão também para dona Dilma. A diferença está no preço: eles custam um pouco mais caro.

   

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