segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Aviso aos navegantes: dona Dilma vem aí

A Rede Globo acabou de transmitir, no programa Bom Dia Brasil (repetido, em seguida, na Globo news), a mais impressionante entrevista que já foi dada por dona Dilma em qualquer tempo e lugar. A oposição poderia, legitimamente, provocar um ataque à postulação da madame,  assumindo um ar assim meio terrorista e atemorizador. Bastaria repetir, no horário eleitoral, os trechos mais cabeludos do surto que ela teve diante das câmeras. Isso funcionaria como ameaça aos que pretendem votar na tresloucada madame, obcecada em lançar ataques insanos à Marina Silva. Vejam e ouçam. Digam se entenderam alguma coisa. Depois desse balanço, votem. 

Vai ser difícil, muito difícil separar as piores, ou melhores, passagens da entrevista aos três jornalistas da Globo que, boquiabertos, apreciavam a performance da entrevistada ao vivo e a cores. O ideal seria repetir todos os momentos, porém há uma impossibilidade material. Os 30 minutos mais longos de dona Dilma não caberiam no reduzido formato da propaganda permitida pelo TSE. Qualquer pessoa normal se sentirá aterrorizado, só de imaginar que tão desconexa dama está a um passo de ganhar a próxima eleição presidencial.

A única explicação que ocorre, para dar sentido à espantosa fala transmitida pela Rede Globo, é que houve uma espécie de transe mediúnico, uma sorte de possessão, com a madame candidata incorporando algum exu vingativo. Ou, talvez, não tenha sido um exu e, sim, só mais uma brincadeira do espírito galhofeiro de Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta, recriando nova versão do famoso samba do crioulo doido: o funk da búlgara piradona.   

Dona Dilma não diz coisa com coisa. Em suas frases o sujeito não conversa com o verbo nem ambos com o predicado. Anacolutos sucessivos jorram em cascata, sob a regência alucinada dos dedos em riste, ameaçadores. Ouvintes e os que a entrevistam, assustados, parecem recuar para o mais fundo das cadeiras. Quando a madame ergue o dedo "pai de todos" a platéia entende na hora a mensagem: ela vai mandar alguém tomar naquele lugar.

Em seu estranho idioleto - conhecido por dilmês (descoberta genial do jornalista Augusto Nunes), patuá que somente ela domina e usa - a categoria mais parecida com o verbo é a dos advérbios. Dona Dilma consegue fazer algo inimaginável ao comum dos mortais: amontoar palavras, algumas estrangeiras, sem recorrer aos verbos. Suas incríveis construções linguísticas, que fariam Joyce morrer de inveja, sucedem-se em golfadas, como se vomitasse em pausas ritmadas sem qualquer interrupção. Um macaco datilografando sem método seria capaz de produzir algo mais inteligente.

  
O dilmês foi, então, na referida entrevista, exposto ao grande público na sua forma mais pura. Contrariando um princípio de comunicação, que postula a necessidade de pelo menos duas pessoas dominarem o mesmo código (para que o falar, o ouvir e a correspondente codificação de algum conteúdo compartilhável tenham existência concreta), dona Dilma vai arrancando da cachola números e palavras soltas sem pé nem cabeça, acarretando nos ouvintes uma estranha sensação: a de dúvida sobre se aquilo que está assistindo é aquilo mesmo que ela está expondo. O ouvinte se coloca em dúvida quanto à própria sanidade. Ou dona Dilma é um gênio incompreendido ou ela simplesmente surtou. Ou, admita-se a fantasiosa hipótese: dona Dilma está a falar aos brasileiros em javanês, como aquele personagem de Lima Barreto. Se dona Dilma fosse a rainha Umpa, o rei Guz já teria dado um jeito nela.

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