segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Governo efêmero (Cesar Maia)


A “AGENDA BRASIL”, O “GOVERNO EFÊMERO” E A SÍNDROME DE ESTOCOLMO!
           
1.  A leitura da Agenda Brasil e suas 42 propostas deve ser precedida pela apresentação em plenário do presidente do Senado, Renan Calheiros. Ele disse com todas as letras que o governo é “efêmero” e que é uma agenda para o futuro do país.  É óbvio que todos os governos são efêmeros, então, para que sublinhar como fala do trono?
           
2.  A crise econômica chegou a praticamente todos os setores da economia, inclusive aos meios de comunicação, que dependem de publicidade. Caem as vendas, cai a publicidade. Nesse sentido, não interessa mais à mídia colocar lenha na fogueira. Os generosos espaços que Dilma teve no Jornal Nacional, com falas completas em uma série de JNs, mostra essa preocupação do mais importante meio de comunicação do país.
           
3.  A classe média já está sendo duramente atingida. Marcelo Nery, da FGV, especialista em políticas sociais e que foi ministro de assuntos estratégicos do governo por 2 anos até poucas semanas atrás, diz que a classe média –que vinha crescendo- agora está diminuindo. O setor de bens duráveis de consumo despenca. A LCA consultores mostra isso. O crédito ao consumidor para bens duráveis tem queda superior a 20%. Os setores empresariais vão divulgando suas proclamas de união nacional.
           
4. Então, entra a Agenda Brasil. Para quê? Elio Gáspari diz que é uma cesta de xepas, ou seja um amontoado de sobras metade delas que já são projetos de leis em tramitação. Bem, em relação à Agenda Brasil há três grupos. 
a) Os ingênuos que querem acreditar em tudo e que torcem para dar certo, e que leem com boa vontade as declarações políticas, mesmo as mais cínicas.
b) O governo, que precisa de fôlego, para romper com o cerco em que se sente acuado. Nesse sentido tanto faz o conteúdo das propostas – mesmo sabendo que algumas delas será o próprio governo que ficará contra. Mas o desvio de foco e a construção de um círculo de fogo para que o fim do governo deixe de ser assunto da ordem do dia, é a prioridade. E a Agenda Brasil é o circo fundamental para distrair o distinto público, enquanto o governo ganha tempo e fica torcendo por um milagre que possa evitar que o fundo do poço seja mais fundo.
c)  Uma leitura ipsi litere do que disse Renan Calheiros ao apresentar na cadeira do presidente do Senado, em plenário, a Agenda Brasil: “Esse governo é efêmero”.  O PMDB com pós-doutorado em jogos do poder, não vai segurar a vaca para o PSDB ordenhar. Não vai derrubar Dilma para que os ilustres quadros do PSDB paulista governem.  Governo “efêmero” quer dizer: esse governo acabou,
5.  Agora se trata de cozinhá-lo em banho maria, e escolher o melhor tempo para o PMDB passar de adjunto a titular do poder. Esse tempo pode ser qualquer um, até –se for o caso- ter que chegar as eleições de 2018.  Com o governo “efêmero” em banho maria, sendo mantido em temperatura de vida pela chama da Agenda Brasil, a qualquer brado de indepência do governo “efêmero”, bastará aquecer a chama do banho maria e cozinhar o governo. O fôlego dado ao governo é o bom tratamento dado a um refém, que leva este a reagir com síndrome de Estocolmo.

AGENDA BRASIL É UMA XEPA DE FEIRA !

(Elio Gaspari – Globo/Folha de SP, 16) A "Agenda Brasil" de Renan Calheiros, Dilma Roussef e Joaquim Levy é uma xepa de feira. Seu objetivo é iludir a boa-fé do público e alimentar a má-fé de maganos que circulam por trás das cortinas do poder. Na segunda-feira tinha 27 itens, na quarta eram 43. Pelo menos 19 tratam de assuntos que já tramitam no Congresso.

SENADOR ROMERO JUCÁ: A SITUAÇÃO VAI PIORAR!
(Trechos da entrevista do Senador Romero Jucá à Folha de SP, 15)
1.    O que acontece quando a economia não sabe o que fazer?
Planeja pelo pior. O empresário, ao não ter a previsibilidade, decide demitir o que puder, fechar o que puder. E vai piorar. Não tenho dúvida. A arrecadação federal está caindo, a atividade econômica está caindo, os Estados estão começando a quebrar, os setores que ainda empregaram no primeiro semestre, como comércio e serviços, vão desempregar no segundo semestre, com a classe média com risco de desemprego. Então todo mundo vai ser o mais conservador possível. 
2.    O governo está na UTI?

Pelo amor de Deus, não racionem o oxigênio! Porque depois vai morrer e aí não adianta, porque já passou a hora. Ou o governo muda, ou o povo muda o governo.

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