sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Câmbio dos corruptos


O câmbio é uma atividade quase tão antiga quanto a prostituição. No pátio do templo, em Jerusalém, para ficar numa simples referência histórica, lugar de destaque era ocupado por esses profissionais. Certamente eles foram um dos alvos da ira do Divino Mestre, quando Este chicoteou aquela turma de comerciantes que ganhava dinheiro mercadejando a fé.

Uma questão de fato, portanto, é não se poder negligenciar o importante papel dos cambistas para o desenvolvimento dos negócios e dos mercados. Num mundo tão multifacetado, as diferentes moedas precisam ser cotadas entre si para que as trocas possam se efetivar. Subjacente a essa ideia está a compreensão de que algumas moedas são mais valiosas que as outras. Seu cotejamento estabelecerá o valor real de cada uma, a partir da fina sensibilidade dos cambistas.

O mundo da corrupção, tal qual desenvolvido no Brasil do lulopetismo, deparou-se com o problema de equalizar as diferentes maneiras de saquear os cofres públicos. Os negócios são diversificados o suficiente para permitirem o desenvolvimento de novas unidades monetárias, que atendam e respeitem cada situação específica. 

A experiência social, ao que parece, permite identificar algumas dessas moedas em generalizado uso pelos gatunos. A unidade monetária mais valiosa seria o BARUSCO, correspondente a cem PIXULECOS. Continuando no familiar e eficiente sistema decimal (para facilitar o câmbio), um PIXULECO valeria cem MENSALÕES e estes se subdividiriam num cento de CAPILÉS; já um CAPILÉ equivaleria uma centena de PROPINAS e uma PROPINA a cem GORJETAS. 

O diabo é a tremenda criatividade da moçada. Como fazer para incorporar ao sistema o VAVÁ, equivalente a dois "paus", conforme se sabe? E o JABACULÊ, unidade antiga de largo uso nos meios de comunicação? Poderia haver uma certa confusão no início, mas a habitualidade superaria prontamente as dificuldades. O povo brasileiro costuma nomear certas notas de papel moeda com apelidos específicos e, mesmo, carinhosos. Não irá se assustar com a tabela da corrupção petista. Dizem, por exemplo, que a nota de R$50 reais é um "galo". Ou, então, que duzentos "contos" significam duzentos mil reais. Em tempos mais antigos havia uma nota com a efígie de Rio Branco, vulgarmente chamada de um "barão". 

Profissionais da área de Tecnologia da Informação estão desenvolvendo um software adequado para - quem sabe - até automatizar o processo. Grandes caixas vermelhas em forma de estrela, ligadas diretamente a uma unidade central localizada em Cuba, garantiriam à companheirada o fundamental respeito ao sigilo - imprescindível onde há tantos trapaceiros - sigilo, aliás, melhor garantido no Caribe que o prometido por bancos suíços, hoje tão infestados de delatores. Estes suíços, e outros banqueiros dos convencionais paraísos fiscais, não são lá muito confiáveis.

Com a colaboração internacional por parte de ditaduras africanas, latino americanas e asiáticas, poder-se-ia caminhar para um sistema financeiro hábil para dar suporte a traficâncias de drogas e de armas bem como o florescente negócio do terrorismo. Sim, um outro mundo é possível.


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