sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

A mentira como política de estado: lá e cá! (ex-blog do Cesar Maia)


"(Editorial - La Nación, 03) 

1.  A Argentina completará em 2015 três mandatos constitucionais consecutivos dominados pela falsificação, pela fraude e pelo abuso de poder. O dia em que a história decidir descrever o governo, haverá um par de características que as evidências não deixarão margem para diferentes interpretações: a corrupção e a mentira.

2.  Em relação à primeira, será a Justiça que vai finalmente trazer à tona os fatos que permitiram que um governante tivesse um descarado enriquecimento a partir do poder. Vale a pena parar na mentira, que devido a seus extremos de torpeza e falta de cuidado já é evidente aos olhos dos nossos cidadãos e do mundo. Em qualquer caso, a mentira oficial não é algo que requer mais provas do que as que já existem, só que há muitas pessoas que as ignoram, seja por apoio ideológico, interesse ou cooptação populista. Três mandatos constitucionais serão cumpridos sob o império da mentira, o que praticamente permitirá que seja qualificada como uma política de Estado.

3.  Talvez não haja palavras mais apropriadas para caracterizar esta situação, do que as ditas por Václav Havel quando se referia ao regime de seu país: "Levando em consideração que o regime é cativo de suas próprias mentiras, deve forjar absolutamente tudo. Falsifica o passado, falsifica o presente e futuro. Falsifica estatísticas. Finge respeitar os direitos humanos e finge não processar ninguém. Finge não temer nada. Finge não fingir nada”.  A mentira não pode ser apresentada com uma linguagem rocambolesca e incompreensível. Dessa forma cai no ridículo. Deve ser feita de forma agressiva e antecipando o desprezo por aqueles que a contradigam. O governo mentiu e continua mentindo a respeito da inflação, do crescimento e da pobreza. Os resultados fiscais são deformados. O governo mentiu sobre a situação energética escondendo relatórios internos que mostravam a situação de emergência elétrica.

4.  O problema de mentir sistematicamente é que, eventualmente, deixam de acreditar. Quando é feito por um governo intervencionista nada é previsível nem crível para aqueles que precisam de regras claras. Tal é o caso de investidores e qualquer pessoa com uma iniciativa criativa. A mentira oficial não é apenas imoral, mas também é um fator de retrocesso."

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