segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Dona Dilma, as mentiras e o prato de lentilhas

Dona Dilma nunca enfrentou um adversário de verdade nos debates promovidos pelas redes de televisão. Só Aécio lhe deu um tranco, nesta última madrugada, mas deixou de tripudiar sobre ela, lembrando-lhe que a Polícia Federal tem prerrogativas constitucionais que não dependem de favores do governo. Ignorante e pernóstica, a madame seria um prato cheio para polemistas e tribunos com um mínimo de verve. Ao primeiro atrevimento seu, receberia - na lata - respostas que a fariam perder as estribeiras.

Dona Dilma tem a mentira em seu DNA. Mente em suas referências pessoais, acadêmicas e políticas com incrível naturalidade. Ela nem se apercebe direito do que diz. Talvez por isso sua linguagem seja truncada, recheada de anacolutos, pródiga em frases sem nexo ou contraditórias entre si.

Para que tais considerações não fiquem no campo da especulação, vejamos alguns exemplos que bem explicam o caráter deformado da madame.

Dona Dilma declarou, por ocasião da vitória do Atlético mineiro na Copa Libertadores da América, que torcia para o clube. Mais: que fora frequentadora assídua do Mineirão quando criança, levada ao campo pelas mãos de seu pai. À primeira vista, nada mais prosaico, e mais família, ver um pai extremoso levando a filhota feiosa para se divertir numa espetáculo popular, descansando seu espírito tão devotado a portentosos estudos da dogmática marxista leninista. A mentirada da madame passaria por compreensível, não fosse ela quem é e foi. 

O engodo não seria mais que singela declaração de amor ao glorioso Galo de Belo Horizonte. A demagogia, no entanto, é parte de uma estrutura espiritual que se reproduz em outros campos conforme se verá abaixo. O estádio governador Magalhães Pinto - nome oficial do Mineirão - só foi inaugurado em setembro de 1965. Nesta época, portanto, ela não era mais criança (nascera em 1947); seu pai já era falecido desde 1962, e ela - mulher madura de sólidos dezoito aninhos - já estava envolvida com o embrião do qual nasceram grupos terroristas onde ela teria pontificado algum tempo depois. 

Gente com o perfil de dona Dilma, aliás, sempre viu o futebol como ópio do povo. O velho esporte bretão não merecia qualquer atenção positiva dos que se queriam, presumidamente, representar a vanguarda da luta política no Brasil. 

Mentir, então, é um vício de dona Dilma. A psicanálise o denomina de mitomania, ou mania de dizer mentiras. É uma doença do espírito. Incurável.

No mundo acadêmico há um sistema de registro da biografia intelectual daqueles que se interessam em torná-la pública. É a chamada Plataforma Lattes. Os pontos fundamentais da carreira são inseridos pelo interessado, que se utiliza para isso de senha pessoal e intransferível. A senha garante, assim, que qualquer inserção, ou posterior alteração, seja de responsabilidade exclusiva do dono do perfil. Cada pessoa tem uma, da mesma maneira que cada um tem um número de CPF. 

Pois bem. Dona Dilma inseriu no seu currículo a posse de títulos que, na verdade, nunca possuiu - Mestrado e Doutorado pela Universidade de Campinas. Enfatuada, vaidosa e arrogante, a rainha da mentira não resistiu à tentação de enfeitar a própria biografia intelectual. Nem o mais renomado puxa-saco, mesmo que o quisesse, poderia acessar os registros da Plataforma Lattes, dada a confidencialidade da senha, sem a douta dama saber. Alguém acha, por acaso, que ela deu alguma explicação pública para fraude tão desavergonhada? Em vista disso, quem é louco para confiar na madame?

Ainda recentemente, em debate promovido pela Rede Record de televisão, dona Dilma se pôs a questionar votos que Marina Silva teria dado (quando senadora), por ocasião do complexo processo de aprovação de lei a respeito da CPMF. Também censurou a ex-senadora por sua mudança de partido, como se estivesse numa "escolinha da professora Raimunda", além de cobrar-lhe saber na ponta da língua coisas do tipo: qual é a raiz quadrada do número pi elevado à enésima potência? 

Marina respondeu com brandura à impertinente manifestação da desmiolada matrona. Deveria ter desqualificado a autora da pergunta apontando a mudança de partido que dona Dilma fez, há pouco mais de uma década. A madame era afiliada ao PDT. Ocupava, por indicação partidária, o cargo de Secretária das Minas e Energia do Rio Grande do Sul, no governo petista de Olívio Dutra. O PDT, à época, rompeu com o governador e entregou os cargos de confiança que ocupava. 

Dona Dilma não teve dúvidas: saiu do PDT e entrou, incontinenti, para o PT, a fim de se manter no carguinho. Brizola definiu bem o ocorrido. Acusou dona Dilma de se vender por um prato de lentilhas, traindo o PDT para manter a apreciada boquinha governamental. A madame, que se quer um exemplo de virtude, de firmeza e de incomparável lealdade, certamente se esqueceu do papelão que desempenhou naqueles pagos riograndenses. 

Mudar de partido de oposição para partido governista a fim de levar vantagem pessoal (como fez dona Dilma), é bem diferente de mudar de rico partido governista para pobre partido de oposição, como foi o caso de Marina Silva.  

Nos tormentosos tempos que vivemos ainda temos que aturar outras mentiras de dona Dilma, além das grosserias costumeiras nas quais ela é campeã. Logo ela, que tem tão formidável telhado de vidro. Sua arrogância tem a mesma magnitude - com o sinal invertido - de sua subserviência a Lula e outros cafajestes que impregnam seu governo (Sarney, por exemplo). Seria fácil lhe fazer indagações sobre seus vínculos com um dos maiores gatunos da Petrobrás, o tal Paulo Roberto Costa, vulgo Paulinho, um dos convidados de honra do casamento da sua filha (filha dela, dona Dilma). 

Tal intimidade, hoje negada, pode ser retratada pela imagem abaixo de três dos cavaleiros do apocalipse. Paulinho parece dizer, como o demônio no episódio da tentação de Cristo: "Veja, tudo isso um dia será seu". Dona Dilma se encanta e baba de satisfação. O apedeuta, então, estasiado, olha boquiaberto. Abestalhado. 




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