segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Cesteiro que faz um cesto, faz um cento

O comitê financeiro único do PT em São Paulo foi assaltado no último sábado (27/09). Fato intrigante: nem o noticiário policial nem o político se interessaram pelo assunto. Uma leitura rápida dos principais jornais de domingo e segunda feira nada informa a respeito do incidente. O lugar onde se deu o crime era uma espécie de fortaleza, similar àquelas que os bicheiros sempre mantiveram para gerenciar seus negócios. 

Com uma dúzia de funcionários, o local era guarnecido de cofre para abrigo de valores - dinheiro sonante e cheques (havia até segurança privada). O escritório, aliás, deveria ser bem movimentado para justificar tanta gente trabalhando em pleno final de semana. Falando em cofre, é impossível resistir à lembrança do cofrão recheado de notas de cem dólares do deputado Valdemar Costa Neto, conforme relato de sua ex-esposa na CPI dos Correios. 




Segundo policiais (chamados por testemunhas que presenciaram a correria e, não, pelas vítimas, o que é insólito), "num primeiro momento um funcionário do PT teria declarado que os ladrões levaram R$50 mil em dinheiro vivo". Não se descarte a hipótese dos valores serem mais suculentos. Fiquemos, para dar o benefício da dúvida, no relato do funcionário do partido que primeiro declinou o montante subtraído. Por qual razão ele mentiria, dizendo que foi roubado naquilo que não foi? Por que diria que os ladrões levaram um dinheiro vivo que não existia? 

Em vista da baixa credibilidade do PT quando o tema a ser tratado é financiamento de campanha e conduta dos seus agentes, é legítima qualquer dúvida sobre a quantidade real da grana guardada no tal comitê. Ora, é obrigatória a utilização de cheques para saldar qualquer despesa de campanha. A proibição legal busca coibir o fenômeno do caixa-2, prática em que o PT é useiro e vezeiro. Sendo assim, como justificar tanto dinheiro no cofrão, guardado junto talonário de cheques? 

A cúpula partidária, no entanto, mais afeita à noção de crime eleitoral que simples funcionários administrativos, logo que informada a respeito tratou de negar a existência de qualquer numerário no cofrão; lá haveria somente cheques, "vários deles assinados, usados no pagamento de pessoal e fornecedores da campanha", como relata o Estadão em sua versão digital.

O incidente, enfim, está aí, fresquinho, bem diferente dos fatos do mensalão e do petrolão que parecem ser coisa do século passado. Se as oposições tivessem mais apetite para o enfrentamento político, já teriam utilizado o ocorrido no último debate televisivo de 28 de setembro último. 



Nenhum comentário: