terça-feira, 19 de agosto de 2014

Dilma é o Quércia de Marina

O noticiário político continua apontando a preocupação de Aécio e dona Dilma com o potencial crescimento do nome de Marina Silva. Noticia-se o projeto de desconstrução da imagem da ex-senadora, a ser feito principalmente através das chamadas mídias sociais. A ideia é difundir fofocas sobre o tema, por intermédio da vasta rede de blogs chapas brancas espalhada por todo o Brasil, gente capaz das maiores baixarias a soldo, evidentemente. Os hereges petistas desconhecem o valor das prescrições bíblicas. Em Levítico 19:16 consta a vedação: "não andarás como mexeriqueiro entre o teu povo", preceito civilizatório que transcende os tempos e os lugares. O curioso da polêmica que se está a construir é o reconhecimento, pelos petistas, do quanto Orestes Quércia tinha razão no seu já distante e preconceituoso julgamento sobre Lula, lá pelos idos dos anos 90 do século passado.

O falecido ex-governador de São Paulo afirmou certa vez que Lula não poderia ser presidente da república porque nunca tinha dirigido nada, sequer um "carrinho de pipocas". Lula rebateu a crítica à época argumentando que, se ele não dirigira, também não roubara as pipocas, atingindo Quércia no cerne de sua já mal afamada reputação. A resposta mais verdadeira, no entanto, seria outra: não dirigira porque comera todas as pipocas ainda sendo estouradas. Dirigir ou administrar o tal carrinho, então, seria uma impossibilidade, antes material que lógica; como vender pipocas se elas não existem?  A inexperiência gerencial de Lula, pelo que se viu, não afetou sua grande competência em outros campos, como o das velhacarias. O conjunto da obra do petismo nos últimos doze anos é pródigo nesse sentido, e está bem aí à vista de todos.

Quércia deve estar rindo dentro do túmulo. Sintetizou bem, e profeticamente, a alma lulista, mais dada a surrupiar algo do alheio que a elaborar obra original. Lula e sua turma voltam a apropriar-se, então, de criação de terceiros, sem lha reconhecer o mérito e autoria. Deveriam, se fossem gratos, mandar celebrar uma missa pela alma de Quércia. A cúpula dilmista, talvez, até tenha razão em taxar Marina de inexperiente . Ninguém melhor que Lula, Dilma, Zé Dirceu e companhia possui mais competência para dizer quem é incompetente. Os frutos da árvore envenenada estão disponíveis para quem quiser provar. Quem sabe não estaria operando nesse caso uma tardia confissão de culpa?

Marina pode responder à crítica com metáfora de fácil compreensão. Ela também é filha - a caçula - do Brasil. Ou alguém duvidaria da fraternidade entre Marina da Silva e Lula da Silva? O mesmo fatal sobrenome, a mesma trajetória dos grotões ao centro do poder, o mesmo ar de eternas vítimas dos poderosos que mandam no país há quinhentos anos. Marina é parte do "nós" da narrativa lulista. Marina tem a cara da pobreza. Se passar à frente de alguma agência da Caixa Econômica é bem capaz de ser premiada com uma bolsa família. Dona Dilma - a gorda e patusca madame da Casa Grande - dificilmente reverterá tal enredo. Marina sabe falar, dona Dilma só sabe ser truculenta; é sua natureza. Incorporando o espírito das Chicas da Silva, das Nêgas Fulôs e das Luizas Mahins da nossa história, além das caboclas Terezas e até das Iracemas egressas das florestas, Marina da Silva se credencia, por um dos golpes do imponderável, a se tornar a próxima presidente da república. Nem precisa fazer o discurso do "social"; ela é a imagem viva dos deserdados. Aliás, Marina Silva deveria chamar dona Dilma na chincha para debater questões econômicas. A estupidez córnea da rotunda dama, bem como sua linguagem empolada e incompreensível dirão de maneira indireta qual a seria a melhor opção dos eleitores (se, por acaso a disputa final se der entre elas). Marina Silva, posta lado a lado de dona Dilma, indicará que não é necessária, também, nenhuma percepção elaborada sobre quem representa quem. Somente Lula da Silva ousaria violentar a realidade. Quando das vaias dadas a dona Dilma na abertura da Copa do Mundo, ele teve a cara de pau de afirmar que a única pessoa com cara de pobre no estádio era a madame presidente; o resto dos torcedores não passava de gente branca, rica e poderosa. Tal discurso, dessa vez, não vingará por maior que seja a prestidigitação do prepotente que se diz eleitor de qualquer poste.

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