segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Para onde vão os votos dos petistas?

O PT e o petismo sempre tiveram ao menos uma terça parte do eleitorado de Belo Horizonte. É necessário fazer referência ao petismo (sem vínculo exclusivo com o PT) por uma simples razão. Em outras eleições o partido se revestiu do manto de outras siglas, como é o caso do PSB, mera linha auxiliar histórica do PT, que era reforçado, ainda, pela sopa de letrinhas de outros grupos partidários, como o PC do B, velho serviçal sempre disponível para o que desse e viesse, além de dissidentes fanáticos gerados no mesmo ventre perverso (PSOL, PSTU, Rede etc.).

As últimas pesquisas de opinião na capital mineira apontam que a chapa de candidatos a prefeito e vice - formada respectivamente por dois deputados federais do PT e do PC do B - mal alcança 5% das intenções de voto.  

Ora, onde estão os eleitores petistas que não se dariam a aparecer? Mergulhados em algum  limbo político? Ou estão se encaminhando para alguma candidatura de perfil gelatinoso e pronto para aceitar escolhas de variadas origens políticas e ideológicas, verdadeiro voto útil, capaz de, menos que vencer, infligir uma derrota aos principais e tradicionais adversários, os tucanos?

Kalil, sem dúvida, é o nome do "tapado" como dizem os mexicanos para o verdadeiro candidato oculto do centro de poder. Dentre os demais pretendentes que, talvez, até buscassem criar um cenário que lhes fosse mais favorável, o que parece não ter se configurado até o momento (a quinze dias da eleição), Kalil, o empreiteiro parvenu, corre por fora da raia verbalizando o popular discurso da anti-política, atraindo cada vez mais os votos ressentidos do petismo, agora desamparado de opções orgânicas. 

Assim como Collor fez com as elites políticas brasileiras em outro momento, Kalil se impôs ao governador Pimentel, que ao estilo de Pilatos, lavou as mãos, liberando seus adeptos para fazerem suas escolhas eleitorais. Fragilizado por sua participação nas escandalosas roubalheiras da companheirada, Pimentel sabe, no entanto, que um empreiteiro como prefeito de Belo Horizonte não será obstáculo a um entendimento e a acertos de natureza política e administrativa com o governo estadual. Para o governador, o importante agora é reduzir os danos, optar pelo mal menor. Pimentel circula bem, muito bem, aliás, no ambiente empresarial. Kalil seria um interlocutor bastante satisfatório, caso venha a vencer a disputa, credenciando-se para enfrentar no segundo turno o deputado João Leite, desta feita o real preferido de Aécio, coisa que não o fora nas eleições municipais de 2004. Mas esta é outra história. Os ventos mudam de direção e o secretamente rejeitado de ontem torna-se o desejado de hoje.  


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