quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Empreiteiros X Políticos: a aventura de Kalil


A reputação dos políticos, sabe-se há muito tempo, não é lá essas coisas. Desse fato se servem demagogos eventuais para alardear suas diferenças em relação a parlamentares que, periodicamente, disputam eleições, tal qual está acontecendo na luta pela prefeitura de Belo Horizonte. Dizendo não serem políticos, fazem o mais político dos discursos políticos. Apontando o dedo podre para os adversários, pretendentes como Kalil, de ofício empreiteiro, querem disputar e vencer os “políticos” nas eleições municipais no corrente ano de 2016. Em São Paulo ocorre algo similar.

A reputação dos empreiteiros, no entanto, não é nenhuma Brastemp, como se diria antigamente. Se os políticos, qual fraldas sujas, podem - e devem - ser removidos periodicamente de suas posições, qual seria a solução adequada para arrostar os empreiteiros malandros? Solução sedutora seria aquela relatada pelo historiador Suetônio em sua obra sobre os Doze Césares. Calígula, um dos mais eficientes imperadores romanos, costumava degolar os empreiteiros que não realizassem a contento as obras contratadas. Verdade que os tempos atuais não permitem práticas tão bárbaras, apesar da simpatia que provocaria nas multidões.

Os casos de imperícia e de trapaças dos empreiteiros são notórios: viadutos que desabam, coberturas de estádios que desmoronam, passarelas arrancadas pelas águas, pistas com cobertura asfáltica que não duram um verão, usinas de energia inadequadas, moradias populares que se esfarelam mesmo antes de qualquer uso, os exemplos são inumeráveis. O passivo da turma capitaneada pela Andrade Gutierrez, Odebrecht, OAS e outras menos votadas é considerável.

Agora, o que se observa, porém, é uma articulação dos chamados pequenos e médios empreiteiros contra os grandes do setor, aproveitando a crise pela qual passa o país. Parecem querer inverter o juízo proferido por Diógenes, ao vislumbrar uma comitiva conduzindo um grupo de homens para o cadafalso: “lá vão os ladrões grandes enforcar os ladrões pequenos”. 

Em Belo Horizonte, os empreiteiros pequenos se assanham contra os empreiteiros grandes. A ferramenta que pretendem utilizar nessa disputa de vida ou morte é a prefeitura da capital mineira. Por isso bradam: Kalil para prefeito, em aliança estreita com os maluquinhos da Rede de Marina Silva e os nefelibatas do PV. 

Empreiteiro fabricante de asfalto, Kalil deve ter acenado aos novos aliados com a promessa de tingir de verde - ecologizando, vá lá o neologismo - a pasta asfáltica, dando assim um novo colorido à cidade, sem se esquecer naturalmente dos acertos com os adeptos do arco íris.

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