sábado, 23 de janeiro de 2016

Dilma e a língua paralítica


O blog do Augusto Nunes (hospedado no portal da VEJA) publicava, com certa regularidade nos últimos anos, os deliciosos comentários do jornalista Celso Arnaldo a respeito do Dilmês, o idioleto exclusivo de dona Dilma, a  mulher sapiens

As descrições apresentadas ao público chocavam e divertiam ao mesmo tempo, desde as primeiras publicações. Pareciam uma rápida chuva de granizo a bater no rosto dos leitores. Incomodava, mas não feria. Dava tempo de retomar o fôlego, após cada pequeno trecho, sem maiores dificuldades. 

Agora, porém, com a publicação do livro "Dilmês, o idioma da mulher sapiens" editado pela Record, o impacto sobre os leitores, mesmo aqueles que já conheciam a maior parte de suas passagens, produz um efeito similar ao de um tsunami japonês. É de perder o fôlego. Quem começa, não consegue parar de ler, até seu final. Celso Arnaldo deveria ter recomendado um método qualquer de abordagem, para o leitor não ficar atordoado frente ao espantoso volume de disparates contidos em uma só obra. 

A estranhíssima forma de pensar e falar de dona Dilma faz lembrar um dos sonetos de Augusto dos Anjos. Dona Dilma, com toda justiça, é a representação viva do "mulambo da língua paralítica".


A Idéia

De onde ela vem?! De que matéria bruta
Vem essa luz que sobre as nebulosas
Cai de incógnitas criptas misteriosas
Como as estalactites duma gruta?!
Vem da psicogenética e alta luta
Do feixe de moléculas nervosas,
Que, em desintegrações maravilhosas,
Delibera, e depois, quer e executa!
Vem do encéfalo absconso que a constringe,
Chega em seguida às cordas do laringe,
Tísica, tênue, mínima, raquítica ...
Quebra a força centrípeta que a amarra,
Mas, de repente, e quase morta, esbarra
No mulambo da língua paralítica.


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