quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

LULA E BUSH

“Quando acordo invocado”, dizia Luiz Inácio, há alguns anos, “pego o telefone, ligo p’ro Bush e dou um esporro nele”. Quem teve notícia do disparate pensou que estava ouvindo um programa humorístico e, não, a palavra de um presidente da república. Mas os dois personagens até que tornaram plausíveis acontecimentos do gênero, em vista do largo histórico de ambos. Luiz Inácio e George Bush, francamente, eram, e são, unha e carne. Foi uma fatalidade que países das dimensões do Brasil e dos Estados Unidos não tivessem algo melhor para colocar na suprema magistratura. Ambos são broncos, primitivos e afeitos a vulgaridades. Luiz Inácio, aliás, é o reflexo tupiniquim de Bush, com o qual sempre manteve um relacionamento que ultrapassava, em muito, as exigências protocolares. A intimidade entre os dois personagens tem, por incrível que pareça, sólidos e surpreendentes fundamentos. Alguns remetem, até, àqueles de natureza cabalística. O sobrenome de ambos (Silva e Bush) já denota sua natureza compartilhada: Silva, ou silvestre (ou relativo à selva), e Bush, ou arbusto, são termos com referências culturais equivalentes. O americano poderia, sem qualquer problema, assinar George Silva, enquanto seu homólogo brasileiro ficaria bem servido caso assinasse Luiz Bush. E não é só no caráter que os dois se irmanam.

Vejam-se os fatos revelados por Scott McLlellan, que foi porta-voz da Casa Branca entre 2003 e 2006. Diz ele que “Bush governa como se estivesse sempre em campanha. Isso significa nunca explicar nada, nunca se desculpar e nunca voltar atrás”. Continuando, disse ainda que “infelizmente, isso implica nunca refletir, nunca reconsiderar e nunca ceder, especialmente quando se tratava do Iraque”. Chega ao requinte de contar que as festas que Bush freqüentou na juventude eram tão loucas que ele não se lembrava se cheirou cocaína. E indaga, arrematando: “como pode alguém não se lembrar de uma coisa dessas?” Observando-se o comportamento geral de Luiz Inácio, haveria descrição dele mais adequada que essa, igual à que foi feita em relação a Bush? Megalomaníaco e delirante, o atual presidente brasileiro vive em campanha permanente pelo Brasil afora (isto é, quando não está passeando pelo mundo).

Também não presta contas, nem dá explicações de qualquer tipo sobre as malfeitorias, roubalheiras e outras trapaças praticadas pelos seus auxiliares diretos e amigos. Estão aí os inumeráveis escândalos que não deixam ninguém mentir. Vão dos gafanhotos ao mensalão, passando pelos casos de Valdomiro Diniz, financiamento de campanha com dinheiro de estrangeiros, sanguessugas, Renan Calheiros etc., e terminando (mas nunca se encerrando), nas façanhas de Paulinho da Força junto ao outrora respeitável BNDES e as recentes mudanças da legislação para beneficiar o inefável banqueiro Daniel Dantas (sem esquecer o passa-moleque do PAC e Dona Dilma, a plastificada, com a escancarada burla à legislação eleitoral). Melhor sorte teve o povo americano, ao se ver livre do George Silva, em janeiro próximo passado, enquanto nós, infelizes brasileiros, ainda teremos que suportar o Luiz Bush por mais dois longos anos.

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