sábado, 21 de fevereiro de 2009

FORA LADRÕES

Começa a surgir no Brasil um movimento subterrâneo de resistência ao processo de decomposição cívica conduzido pelo petismo e associados há vários anos. Intoxicados da doutrina gramsciana, intelectuais e quadros dirigentes de todos os tipos buscaram implantar no imaginário coletivo um modo de ser e de viver cujos resultados estão aí à vista de todos os cidadãos. Tal concepção pode ser comparada a um câncer generalizado cujo tratamento exigirá o esforço de inúmeras gerações no futuro. Boa parte dos personagens envolvidos com tantos crimes civilizatórios (para não dizer a vasta maioria) está solta, leve e fagueira, como se nada estivesse acontecendo ou lhes dissesse respeito. Toda a geração dos que já viveram mais de 50 anos assiste bestializada (para tomar emprestada uma expressão com que foi retratado o povo carioca por ocasião da Proclamação da República) à sem-cerimônia com que Sarney, Collor, Calheiros, Jucá e outros da mesma grei, sob o comando final de Lula da Silva e sua "sofisticada quadrilha", se movem em todos os espaços da vida política, econômica e social do país.
Essa gente deveria estar, sim, trancafiada em alguma prisão com trabalhos forçados, como aconteceria em qualquer lugar do mundo minimamente civilizado. Mas, ao contrário, ela dita os rumos da vida dos cidadãos (que trabalham e sofrem no seu dia-a-dia), baseada numa sólida aliança entre velhos ladrões do Norte e do Nordeste do país, agiotas nacionais e internacionais e a nova classe dos sindicalistas dos fundos de pensão, sediada, principalmente, em São Paulo. Alianças secundárias com parceiros menores sustentam interesses pecuniários complexos e complementares. Um exemplo trivial está na distribuição de pequenas benesses financeiras aos mais pobres (a chamada Bolsa Família). Agrupamentos como igrejas pentecostais e neopentecostais (com forte base nesses setores) se tornam comensais da chamada política social lulista, por intermédio da transferência do dízimo, que é praticado em sua inteira literalidade por estes grupos religiosos. As miúdas esmolas do governo federal (cujo valor médio está próximo de R$ 80 mensais) sofrem o processo que se pode denominar de "extração de sangue de pulga", ou seja, milhões desses insetos fornecem o líquido suficiente para encher um sem-número de baldes.
A inesgotável (até o momento) cornucópia do governo federal vai, assim, derramando de maneira capilar o unto que ameniza críticas, solapa as convicções e reforça um portentoso mercado eleitoral.
Outras entidades (as chamadas organizações não governamentais, bem como sindicatos, associações variadas, fundações etc.), tornam-se o canal que alimenta a compra de consciências de maneira a manter um silêncio ensurdecedor sobre as malfeitorias do lulismo. É deste torpor que o Brasil, parece, está acordando. O recente grito anticorrupção do senador Jarbas Vasconcelos detonou o processo.

(Publicado em "O Tempo" de 21/02/2009)

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