terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

ISRAEL E A PALESTINA

Gostemos ou não de Israel, este é um país onde vigora uma democracia constitucional. Aliás, o único que assim se pode denominar na região (com alguns ensaios no Líbano e na Turquia). No Knesset até árabes-israelenses se fazem representar com deputados. Também pacifistas israelenses são respeitados internamente ao contrário dos demais países onde a oposição não tem voz nem vida. Já dentre os inimigos de Israel o que temos? Teocracias sinistras, monarquias medievais ou regimes, no mínimo, autoritários (quando não são claramente totalitários), governados por partido único onde filhos costumam suceder aos pais na cúpula do poder. Para estes bárbaros da vizinhança israelense interessa manter insolúvel a questão palestina impedindo assim um efeito vivificador da paz nos seus territórios, o que a prosperidade e inteligência de hebreus e palestinos poderiam provocar, caso atuassem em sintonia.

O “Lar Nacional Judeu” é uma promessa que remonta à declaração Balfour, de 1917. Muito antes, portanto, do holocausto patrocinado por nazistas de diferentes regiões européias. As reparações a um povo milenar, porém sem território, e que conseguiu, apesar de tudo, manter suas tradições intelectuais e culturais, foi um gesto de surpreendente grandeza no pós-guerra. Lembremo-nos que o imaginário do Ocidente se constituiu sobre a vasta herança helênica e com esta formidável civilização letrada de que os hebreus são portadores (basta citar aqui os nomes emblemáticos de Einstein, Freud e Marx). Israel deveria ser, assim, reverenciado como patrimônio da humanidade e, não, como pária conforme é o desejo de muitos, que mal escondem seu velado anti-semitismo. O poder atual de Israel apenas dá oportunidade para que esta atitude e suas práticas correspondentes encontrem razões de legitimação. No próprio Brasil, forjado que foi na estupidez ibérica (uma das suas façanhas exemplares foi a expulsão de Spinoza para a Holanda), costumam surgir críticas a Israel pelas suas ações defensivas contra os fanáticos suicidas, bem como os terroristas financiados pelos referidos regimes reacionários. Os vizinhos ainda beneficiam-se dos talentos abundantes entre os palestinos, valiosa mão-de-obra qualificada. Isto quando não os transformam em bucha de canhão para atender às suas cruas conveniências políticas.

Massacres de palestinos (como em Sabra e Chatila), tiveram reconhecida cumplicidade de oligarquias libanesas, sem esquecer da carnificina patrocinada pela monarquia jordaniana (o célebre “Setembro Negro”). Na presente crise o próprio Egito fechou-lhes a fronteira em Gaza e os reprimiu com selvageria. Palestinos e israelenses, pelas suas potencialidades são, pois, inimigos comuns dos regimes deploráveis que vigem no Oriente Médio e norte da África. Devem ser, portanto, neutralizados na ótica perversa que governa estes regimes. A discórdia permanente entre israelenses e palestinos é a ferramenta para tanto. Os déspotas agradecem penhorados.

Nenhum comentário: