segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Mangabeira Unger e os augúrios


O ex-ministro Roberto Mangabeira Unger deixou o governo Dilma. Saiu assim de mansinho, meio que à francesa. Inegavelmente, era o único com estatura intelectual e luz própria naquele oceano de nulidades que infesta o ministério da madame. Unger é reputado, nos meios que contam, como o mais original pensador político contemporâneo das Américas. Não por acaso ilustra, há décadas, o corpo docente de Harvard, a mais prestigiosa universidade do mundo civilizado. 

Seus detratores não passam de carrapatos, sempre agarrados em alguma sinecura oficial, a repetir enfadonhas ladainhas geradas no raso mundo acadêmico brasileiro (às vezes com reforço de lusitanas luzes coimbrãs, as mesmas que tiveram a coragem de outorgar título honorífico a um bárbaro que já governou o Brasil). Puxa-saquismo aqui é verdadeira arte. Já se chegou a aceitar um almirante golpista na Academia Brasileira de Letras. Verdade que o rude lobo do mar tinha uma alma cândida. Publicava versos sob o pseudônimo de Adélia, escolha ao que parece bem frescalhote. Ninguém imaginaria a identidade real do autor pela falsa e catita denominação.   

Em que pese a relevância alegada para o afastamento de Unger - problemas de saúde de familiares - tudo faz lembrar a saída do tal frei Betto da assessoria pessoal de Lula da Silva, um ou dois meses antes de explodir o escândalo do mensalão. O referido religioso podia ser um nefelibata, mas não era bobo. Com tanta gasolina estocada, o circo estava prestes a pegar fogo; pulou fora, bom malandro que é, se não poderia sobrar para ele. Agora, em situação similar, Mangabeira Unger, também muito bem informado, tirou o time de campo. Os augúrios para dona Dilma se revelam cada vez mais sombrios. 

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