quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Pesquisas e dúvidas

Há grande expectativa com os resultados das próximas pesquisas eleitorais, referentes ao segundo turno que ocorrerá no próximo 26 de outubro. Apesar do ceticismo gerado quanto à validade das mesmas (em função das distorções entre os dados publicados e os dados reais saídos das urnas), não se pode negar que as pesquisas se constituem em referências para o entendimento da marcha dos pleitos. É necessário, no entanto, que os números encontrados sejam melhor entendidos pelos analistas e pelo grande público.

Quando se divulga que dado um intervalo de confiança de 95%, por exemplo, e margem de erro de mais ou menos 2%, não se está afirmando que a verdade esteja compreendida entre o valor encontrado (digamos, 30%), posto no meio de uma variação de 2% para cima (32%) ou para baixo (28%). O entendimento é outro. Quer-se dizer, tão somente que, repetida a mesma coleta dos dados uma centena de vezes, com os mesmos critérios, em 95 delas os resultados estarão compreendidos dentro da variação encontrada no primeiro levantamento. 

Nada se está dizendo quanto aos dados obtidos estarem expressando a verdade da opinião pública na sua integralidade. Veja-se que há uma parcela do eleitorado que não é sondável. E isso acontece por simples razão: os eventuais sujeitos escolhidos para responder ao questionário recusam-se a fazê-lo. Pense-se em pessoas que moram em apartamentos. Acessá-las é quase uma impossibilidade. Dificilmente os que vivem nessas condições se dispõem a abrir suas portas para receber estranhos, a pretexto de responder a uma pesquisa de opinião. 

As razões para essa recusa podem ser variadas, com destaque para a questão da segurança. Portarias eletrônicas e vigilantes porteiros impedem com o maior rigor o trabalho de eventuais entrevistadores. Tais insondáveis escapam, assim, do rol dos potencialmente investigados.

Mas estes são apenas uma parcela do total. Mesmo quando as entrevistas são realizadas nas ruas, nem todos os abordados se dignam a participar. Eles não querem somente não dizer em quem votam ou deixam de votar: eles não querem dar nenhuma informação, também por incontáveis justificativas, inclusive pelo desinteresse a respeito do assunto - política - passando pela proverbial e singela preguiça. Há ainda outros aspectos que contaminam a amostra da qual são produzidos os resultados. Aqueles que entrevistam pessoas nas ruas não captam a opinião dos que não costumam circular a pé pelas cidades. 

Provavelmente por tais fatos, os resultados das urnas possam se apresentar tão diferentes daqueles previstos nas pesquisas. O universo considerado pelos institutos, se muito aquém do real, podem provocar as surpresas que vêm causando no momento. 



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