sábado, 6 de setembro de 2014

Recado dos orixás

Não creio em bruxas, mas que elas existem, existem, reza o ditado ibérico. A sabedoria ensina, ainda, que a leitura dos sinais que nos são enviados é conduta de boa política. Não acatá-los é sintoma da hubris, da loucura, da soberba.  Os anjos que, dizem, povoam a Terra transmitem mensagens aos homens de todos os lugares. Cabe aos interessados fazer a devida interpretação. Os intermediários espirituais, esclareça-se, são conhecidos por diferentes nomes nas inúmeras culturas humanas. 

Na Bahia, a velha Bahia de todos os santos, os orixás se encarregam de fazer as necessárias transações metafísicas com a humanidade. Provavelmente foi Xangô - o orixá da justiça - quem deu o alerta para Lula da Silva. Em recente comício dos petistas, em Salvador, o boquirroto sindicalista insistia na reiterada difusão de suas habituais mentiras, sobre um indefectível palanque, lugar de onde ele nunca desceu em toda sua vida. Parece que foi parido em cima de um, e condenado a nele ficar para sempre, como o amaldiçoado barqueiro do inferno impedido de abandonar seu tenebroso ofício.
  
Não desceu do palanque, nem desce; é o seu destino. Mas esborrachou-se em sintomática queda, tocado que foi por bafo de inescrutável origem. Enevoado de marafo, mal pode permanecer de pé; desabou ao chão, grotescamente, desprovido dos amparos que sempre teve (no  mínimo, da providencial ajuda de algum puxa saco, sempre disponível e pronto para escorar o cafajeste ensandecido). 

Os augúrios não são bons para Lula, Dilma e o petismo. A trama do petrolão (mistura de Petrobrás com mensalão), anuncia-se com todas as letras e números, notadamente estes. Se os fatos que estão vindo à tona se revelarem verdadeiros - como parecem ser - o cenário eleitoral pode assumir nova configuração. A responsabilização de dona Dilma pela roubalheira na estatal (que ela controlava com mão de ferro), permite imaginar uma disputa final pela presidência da república entre Marina e Aécio, isso se a socialista não vencer no primeiro turno. Marina não responde por eventual envolvimento do finado Eduardo Campos em alguma estripulia. Afinal, ela está afiliada ao PSB há menos de um ano. Nada sabia, nem tinha como saber, que o ex-candidato do qual ela foi vice, também estava na teia de corrupção comandada pela diretoria da Petrobrás. 

Dona Dilma, ao contrário, não tem como escapar das graves acusações publicadas a partir das revelações de Paulo Roberto Costa, o clone de Marcos Valério. Lula, então, nem precisaria de investigação ou processo. Suas responsabilidades, pelo que se divulga, são antigas e insofismáveis. A estrebaria do Planalto se apresenta ao povo brasileiro a cada dia mais suja. Difícil não simpatizar com a hipótese de privatização de todas as empresas públicas. Elas constituem a cornucópia de onde jorram a merda e o dinheiro que empesteiam o país. 

Marina Silva recebeu de graça a resposta a ser dada aos seus detratores, sobre a fonte do dinheiro que ela precisaria mobilizar para implantar seus projetos. Bastaria estancar a roubalheira na Petrobrás e outras empresas públicas ou de economia mista. Nada de ficar com explicações tecnocráticas. Para o entendimento do comum dos mortais tal explicação basta. 

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