quinta-feira, 4 de setembro de 2014

A ingratidão, ou Marina, Jânio, Collor e Lula

Dona Dilma e Lula, além de seus cachorrinhos treinados para latir aos passantes, passaram a acusar Marina Silva de reproduzir o figurino de Collor e Jânio, cujos mandatos não chegaram a um final regular. O primeiro, por ter sido cassado pelo Congresso devido à sua volúpia por dinheiro ilícito. O segundo, por outra volúpia também incontrolável: as forças ocultas adormecidas no fundo de inumeráveis garrafas de cachaça. Um, louco por dinheiro e, o outro, louco por álcool. Achar que não tinham apoio parlamentar para cumprir seus mandatos é de uma tolice e ignorância sem medidas. Qualquer eventual chefe de executivo (municipal, estadual ou federal), mesmo que não tenha sido eleito com um parlamentar que seja de sua sigla, arregimenta quantos aliados quiser a um simples aceno. Cães sarnentos se agrupam docilmente em volta do cocho e do dono do cocho. Os petistas sabem disso. Basta observar como se deu a criação de legendas de aluguel no período petista - como o PROS e o PSD - a partir da desidratação do velho PFL, PSDB, PPS e outros.  

É verdade que Lula, fusão das duas loucuras (dinheiro e aguardente), só não foi cassado por soberba dos tucanos e por ter o Congresso uma coleção de personalidades sempre sensíveis a uma boa oferta, independentemente do partido a que pertençam. O fatiamento do Estado feito por Lula distribuiu um quinhão a todos que se dispuseram apoiá-lo, ou a não votar contra os seus interesses no dia-a-dia do Parlamento.

Tais fatos, e é disso que se trata, são conhecidos por todos que acompanharam a trajetória da mais compacta e eficiente quadrilha que já assaltou os cofres públicos a partir de 2003, seja aqui no Brasil ou em qualquer outro lugar. Há exceções notáveis entre os possuidores de mandato popular, é certo, mas a maioria admite uma peita que pode ser, até, aquela que seduziria o desembargador Amado: nada de dinheiro, pois dono de incalculável riqueza, não se tocava pela pecúnia, mas um pato gordo ou dois salmões do Minho..., ah! aí não havia como resistir.

A eleição de Marina Silva, a cada dia mais que provável, se insere no processo costumeiro de sociedades subjugadas por uma carapaça burocrática e política de natureza parasitária, sumamente asfixiante, portanto, que não permite encontrar saídas eleitorais do tipo daquelas possíveis em sociedades mais estruturadas. Lideranças carismáticas constituem, então, a única saída para sacudir o galho, com força e determinação suficientes, até se ver onde os macacos vão parar. Marina está cumprindo esse papel de espalha-brasas.

Dona Dilma espera contar com o apoio decidido dos clientes da bolsa família para ser reeleita. Pode estar incorrendo numa doce ilusão. Benefícios recebidos não se traduzem automaticamente em gratidão política. Aliás, gratidão de nenhuma espécie.

O Evangelho relata a história dos doentes e estropiados que ganharam a cura por intervenção do Divino Mestre (a clientela do SUS da época). Quantos dos empesteados se dignaram a dizer sequer um muito obrigado? Não era para pagar, ou dispender algum recurso em gratidão pelas graças recebidas. Somente para dizer algo do tipo: "valeu, amigão!" ou coisa que o valha. Ao que consta, apenas dois, da multidão incalculável que recuperou a saúde, o maior bem que alguém pode ter na vida. Augusto dos Anjos, notável poeta e conhecedor da alma humana já versejava: "A ingratidão, essa pantera...".

Definitivamente, a gratidão não é uma variável política. Os exemplos existem aos montes. Quem não sabe de algum exemplo, onde um sujeito qualquer fez todos os favores possíveis a alguém, e este alguém, na primeira oportunidade, dá naquele um facada pelas costas? Quem? Basta recuperar as experiências pessoais, e os muitos casos na própria família, que encontrará a ingratidão permeando não poucas situações quer históricas quer do simples cotidiano.

O próprio senador Collor de Melo, devoto aliado de Lula e Dilma, recebe como paga pela sua lealdade aos patifes que o insultaram, a divulgação de seu nome em propaganda que o desmoraliza. Collor ficou no papel do sapo que carrega escorpiões nas costas. Ao chegar na outra margem do rio, em vez de obter algum agradecimento pelas vidas que salvou, recebe ferroadas mortais. O PT é um dos casos mais notórios a exemplificar a alma dos perversos. São piores que os primitivos crocodilos. Estes matam para comer; é da vida, da sobrevivência, pode-se aceitar. Petistas, ao contrário, são como escorpiões que matam por matar, apenas para não renegar a própria natureza. Ai de quem se fia nessa gente.

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