terça-feira, 9 de junho de 2015

Dilma: cheguei agora e a bicicleta nem é minha...

Dilma e seu ar de inocente



















Caprichando em seu angelical ar de inocência, dona Dilma negou qualquer participação sua nas mutretas da Petrobrás, durante recente entrevista dada a emissora francesa de televisão. Foi mais além: isentou a enrolada multinacional brasileira de qualquer culpa nos fatos do petrolão. 

A Petrossauro, conforme a denominava sabiamente o ex-ministro Roberto Campos, teria sido apenas uma inocente vítima de alguns dirigentes malévolos, acumpliciados com políticos desavergonhados e empreiteiros inescrupulosos. 

Parece a história de Chapeuzinho Vermelho - a inocente - seduzida e estuprada, não por um, mas por matilha de lobos. 

Tudo,enfim, resultado da omissão de u'a mãe desmiolada e uma avó bem safadinha escondida num cafofo da floresta, onde recepcionava caçadores furtivos. Claro, não se deve negligenciar o papel dos hormônios frementes de Chapeuzinho, doidinha para topar com um lobão cúpido no meio do caminho.

A Petrobrás foi, então, papada, docemente constrangida, por gulosos homens de negócios, em troca de pirulitos e alguns afagos. Um corpo de engenheiros e de técnicos altamente preparados teria sido levado na conversa por rufiões e aventureiros do tipo do ex-deputado Severino Cavalcanti, aquele que queria indicar um chegado seu para a "diretoria que fura poços". 

Dona Dilma e seus acólitos pensam que enganam alguém com tal teoria? Se há alguém inocente nessa história, são os empreiteiros, facilmente achacados, conforme sabem aqueles que conhecem a administração pública. 

O mecanismo mais singelo para saquear o dinheiro público é simples. Basta atrasar os pagamentos das faturas devidas ao longo dos contratos. Os empreiteiros são sufocados por demandas de capital de giro e, então, se rendem. Ou pagam ou quebram. O cálculo é elementar: estima-se o custo de oportunidade e toma-se uma posição racional. Com a experiência negativa do aperto anterior, passa-se a um acerto prévio com o contratante, azeitando-se o fluxo financeiro em prol de todos os envolvidos. As dificuldades desaparecem e a vida continua.

O Ministério Público deveria tomar como ponto de partida para analisar a corrupção, da Petrobrás e outros, o grau de fidelidade no cumprimento das obrigações devidas à execução das metas contratadas. Verá que muitos dos aditivos são decorrentes de recomposição de preços e valores. Caso os dirigentes fossem obrigados a seguir escrupulosamente o cronograma físico-financeiro, estaria estancada a maior fonte da corrupção endêmica que avassala o setor público brasileiro.  

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