"Na assombrosa entrevista ao jornal mexicano La Jornada,
publicada em 24 de maio no Portal do Planalto, Dilma Rousseff insultou o Brasil
que pensa com outra versão forjada para provar que não existem diferenças
notáveis entre o maior esquema corrupto descoberto desde o Dia da Criação e um
arrastão na praia de Copacabana. Para demonstrar que o noticiário sobre o
Petrolão confirma que a imprensa faz muito barulho por nada, o neurônio
solitário caprichou na vigarice aritmética.
“A Petrobrás tem 90
mil funcionários, quatro funcionários foram e estão sendo acusados de
corrupção”, recitou. Tradução: em vez de destacar a cupidez de alguns gatos
pingados, jornais, revistas, emissoras de rádio e canais de TV deveriam
festejar com pompas e fitas os 89.996 funcionários que não atropelaram o Código
Penal. A única faxineira do planeta que não consegue viver sem sujeira por
perto sempre se supera quando instada a discorrer sobre o que chama de
“malfeitos”.
E não há perigo de
melhorar, avisa a reprise da tapeação inaugurada na conversa com o crédulo
mexicano. Reapresentada neste 8 de junho, durante a entrevista à TV France 24,
a tese ressurgiu com estranhas oscilações numéricas. “O escândalo da Petrobras
não é escândalo da Petrobras, é escândalo de um determinado funcionário que era
diretor na Petrobras”, ensinou Dilma na abertura do numerito. Em apenas quinze
dias, os quatro larápios da declaração ao La Jornada foram reduzidos a um.
Paulo Roberto Costa, provavelmente.
No minuto seguinte,
numa frase só, Dilma acabou com a solidão de Paulinho do Lula e reduziu
dramaticamente o quadro funcional da estatal saqueada. “É muito importante
entender que a Petrobras tem mais de 30 mil empregados e tem cinco envolvidos”,
advertiu a doutora em nada. Portanto, os quatro que viraram um agora são cinco.
E dos 90 mil funcionários de 24 de maio sobraram 30 mil. Nada menos que 60 mil
desapareceram sem explicações. É muita gente ─ mesmo para quem é capaz de
transferir para a classe média multidões de miseráveis que continuam esmolando
nas esquinas do Brasil.
Como fez com os
leitores mexicanos, Dilma sonegou também aos telespectadores franceses a
identidade dos responsáveis pela roubalheira colossal. Jornalistas deduziram
que o quarteto de 24 de maio era composto por Pedro Barusco, ex-gerente, e três
diretores nomeados por Lula e mantidos no cargo pela afilhada: Paulo Roberto
Costa, Nestor Cerveró e Renato Duque. Mas segue à espera de identificação o
malfeitor que transformou o grupo em quinteto e Dilma manteve no anonimato.
Talvez estivesse pensando em José Sérgio Gabrielli?.
Alguns otimistas
incuráveis acham que os quatro viraram cinco graças à incorporação de Lula ao
elenco da Lava-Jato. É uma hipótese altamente improvável. O ex-presidente não
foi funcionário da Petrobras. Por enquanto, só estão na mira da Polícia Federal
algumas doações suspeitíssimas da Camargo Corrêa ao Instituto Lula e à LILS,
empresa que cuida das atividades do palestrante que não sabe escrever e jamais
leu um livro. É só um cisco no monturo imenso. É um pedaço de lama no pântano
amazônico.
Se a PF e a Justiça
cumprirem seu papel, a continuação da história vai mostrar que acabou de entrar
em cena o astro do elenco do primeiro épico político-policial à brasileira. No
papel de chefão, naturalmente".
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