domingo, 20 de julho de 2014

Promessas, escolas de tempo integral e os fracassos habituais

Candidatos aos parlamentos e ao governo de Minas Gerais têm proclamado nos seus programas políticos a adoção da escola de tempo integral. Dizem isso como se anunciassem uma grande novidade. Bastaria que se comprometessem a cumprir as leis. Simplesmente isso. A lei Darcy Ribeiro - de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - foi promulgada em 1996, vale dizer, quase duas décadas atrás. Mais antiga ainda é a disposição da Constituição mineira de 1989, que no seu artigo 198 já prescrevia há um quarto de século e de forma pioneira:

"A garantia de educação pelo Poder Público se dá mediante:


I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, mesmo para os que não tiverem tido acesso a ele na idade própria, em período de oito horas diárias para o curso diurno." (grifo do autor)

A verdade, nua e crua, é que não precisamos de novas leis. As que existem são suficientes para se edificar um país digno e próspero. Falta pouco: apenas cumprir a legislação já existente. Os descalabros da educação brasileira (Darcy Ribeiro dizia que nossa escola era uma "calamidade"), são sobejamente conhecidos. Diagnósticos de mais de meio século já denunciavam a perversão da escola de turnos (basta conferir os trabalhos pioneiros de Anísio Teixeira). No entanto, os dirigentes brasileiros (incluindo-se aí os devotados à formação de professores), sempre tiveram uma compreensão do problema que raramente ultrapassava a dimensão sindical. Imagine-se decuplicar o salário dos professores que aí estão. Melhoraria certamente a vida dos que trabalham nas escolas, mas os resultados pedagógicos não se moveriam um  milímetro da sua posição atual, em qualquer ranking que as classificasse pela qualidade do seu produto final.

O mais assombroso do sistema educacional vigente é que se sabe que não funciona e, no entanto, continua a prosperar e a se reproduzir ao longo do tempo com os mesmos cacoetes e mazelas. Alterações eventualmente postas são deglutidas por uma burocracia insana e preguiçosa. Para recorrer a uma imagem bíblica, não ajuntam pedras e, sim, palavras, que é bem mais fácil. 

Com a ocupação recente das universidades, e outros centros de formação, pelos rinocerontes do PT e do PC do B (há figuras mais tresloucadas ainda), o quadro que já era dramático piorou. Para essa gente, a escola pública passou a ser um lugar de doutrinação destinado a formar militantes para seus partidos (são conhecidas, por exemplo, as parcerias de universidades federais com o MST, destinadas a criar madrassas nos acampamentos deste braço armado do PT). Ler, escrever e contar seria coisa da burguesia branca de olhos azuis, dizem; aos oprimidos bastaria saber que "nóis pega os peixe" é tão correto quanto falar que a singela operação de 10 - 4 = 7 vale para qualquer magnitude que seja referida. Tudo é relativo, rosnam. Na matemática e na linguagem "popular" não haveria certo ou errado: seria tudo questão de ponto de vista, numa relativismo atroz e imbecilizante. Fundamental é a revolução e para isso cabe doutrinar desde tenra idade os denominados sem-terrinhas. Fanatismo laico em nada diferente do praticado pelos deploráveis aiatolás castradores, misóginos e homofóbicos de outras plagas.

Este sistema educacional está exaurido. Apodreceu, tal qual o sistema futebolístico (os resultados da Copa o demonstram). Tentar reformá-lo seria como salgar carne podre. Se houver uma intenção sincera de ampliar o capital educacional da população, o lugar para isso deverá ser buscado fora da institucionalidade existente. Pais que pretendam educar os filhos nas linguagens básicas da modernidade, deverão procurar apoio em soluções como as proporcionadas pelas franquias de línguas estrangeiras e de matemática. Algo similar ao oferecido pelo Kumon e a Cultura Inglesa. E deixar os maluquetes do PT e do PC do B com seus delírios gramscianos, a vegetarem dentro das escolas de todos os níveis onde eles estão aninhados. Essa gente, ao que parece e infelizmente, é irrecuperável (talvez seja uma maldição do Eterno). Dispender energia com eles só resultará naquelas mudanças feitas ao estilo de Lampedusa: mudar para que tudo permaneça como está. 

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