O sentimento
majoritário entre todas as pessoas é de repulsa àqueles que furtam ou roubam o dinheiro
alheio. Mesmo os ladrões que foram roubados por outros gatunos cultivam em
relação a estes uma forte rejeição. São corriqueiros os ajustes de contas entre
bandidos que se sentem ludibriados por alguns de seus capangas ou parceiros de
crimes. Quando a ilícita apropriação se faz em prejuízo do patrimônio público,
a censura popular assume feições ainda mais duras. Corruptos, de fato, não são
benquistos pelos homens de bem. Os notórios escândalos que marcaram a gestão
petista no último decênio estão, certamente, na raiz da rejeição sofrida por
seus candidatos nas eleições que se aproximam.
Tais deploráveis
condutas dos que podem ser chamados, genericamente, de mensaleiros oferecem à
sociedade, no entanto, surpreendentes benefícios potenciais. Algo parecido com
o ditado popular que manda do limão fazer uma limonada ou aproveitar uma
transgressão civilizatória em prol da coletividade ofendida. Em suma,
identificar o mal e com ele aprender, não para sua perpetuação, mas para
alcançar níveis positivos de sociabilidade. Os criminosos do mensalão devem ser observados
com lupa. Aquilo que fizeram, e que ainda é feito por muitos, exige a posse de
importantes qualidades pessoais.
Primeiro, a
perseverança; se não conseguem o que pretendem numa primeira tentativa, eles
jamais desistem. Segundo, a solidariedade; seus companheiros agem com a maior
camaradagem entre si, estando dentro ou fora das grades. Terceiro, a coragem;
colocam até a vida e a liberdade em risco para obterem o que desejam. Quarto, a
generosidade; o que conseguem para si, eles vendem por pouca recompensa.
Quinto, a resignação; ladrões são pacientes com seus infortúnios eventuais, e,
sexto, lealdade; amam sua tarefa acima de qualquer outra (tais deduções foram
extraídas das sábias lições do rabino Nilton Bonder). Perseverança,
fraternidade, coragem, desprendimento, tolerância a frustrações e dedicação
configuram, assim, um conjunto de virtudes destiladas do próprio veneno contido
no ilegal e no imoral dos comportamentos transgressores.
Ao longo da vida o
trânsito se faz por estreitos caminhos, quase um fio da navalha. Há os que caem,
por erro ou imprudência, e há os que saltam voluntariamente para o lado do mal,
sempre à esquerda, que é o caminho da perdição, conforme se vê no Inferno de
Dante.
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