terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

PARLAMENTARES DE PRIMEIRA E DE SEGUNDA

O governo de Luiz Inácio dividiu o Congresso Nacional em duas categorias: os de primeira classe (PMDB, PSDB, PT e DEM), e os de segunda classe (PV, PDT, PPS, PTB etc.). Os de primeira classe podem participar da CPI que supostamente vai investigar o escândalo dos cartões corporativos, merecendo os holofotes e as atenções de todo o país. Os demais ficarão no seu cotidiano trivial, ou seja, fazendo lobby nas repartições para conseguir um cargo para um apaniguado, acompanhando prefeitos do interior nas suas demandas junto à burocracia governamental, batendo papo nos imensos corredores, planejando um feijão amigo ou um leitãozinho à pururuca para os mais chegados, servindo de platéia para os líderes no plenário ou, então, em reuniões onde nada se decide nas inumeráveis comissões congressuais. Enfim, uma presença e atuação parlamentar digna de vereadores dos imensos grotões brasileiros.

Os bagrinhos do baixo clero, no entanto, parecem se conformar com o papel subalterno que lhes é designado. Quase todos eles, afinal, pertencem à base do governo e aí, já se viu, manda quem pode e obedece quem tem juízo. São perfeitas inutilidades, fardadas em seus luxuosos ternos risca de giz. Em vez de representar aquilo e aqueles que eles próprios se propuseram nos palanques, contentam-se com as alternativas que se lhes dão: dizer sim, ou dizer sim, senhor! E agora, depois da crocodilagem do Roberto Jefferson, nem um troco, um mensalãozinho, para cobrir as despesas eles recebem mais. Não conseguem nem desempenhar o papel que Lula vislumbrou como o predominante no Parlamento: o de picaretas, trezentos picaretas, aliás. Eles se conformam em ser um nada. Caninamente se submetem à vontade de líderes da estatura da pavorosa Ideli Salvatti, de corruptos como Romero Jucá, de oligarcas como Sarney ou de sabujos idioletas como Aldo Rebelo. Realmente, o parlamento nacional sempre foi palco de figuras deploráveis. Mas, também é verdade, já teve partidos e parlamentares mais afirmativos e mais comprometidos com outras coisas além de seus pequenos interesses paroquiais. A vontade de ser capacho costuma ser tão grande que partidos que tiveram posicionamento oposicionista durante a última campanha, mal começou a legislatura aderiram gostosamente ao governo. Os eleitores inconformados com a situação vivida pelo Brasil se vêem enganados e sem representação na Câmara e no Senado da República.

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