Mineiros e, principalmente, belorizontinos sempre se orgulharam de seu ativismo político. Suas escolhas nos momentos críticos da história estão marcados pelo signo do Alferes, símbolo maior de independência e grandeza de visão. Esta notável herança está sendo ameaçada, presentemente, por aqueles que pretendem despolitizar a próxima eleição para prefeito da capital. Depois de duas décadas de comando sobre o destino da cidade (com o PSDB entre 89 e 92, e o PT de 1993 até o presente), os dois alegres parceiros querem, agora, dividir o bolo ao meio. Matutos do sertão dizem que esse racha eqüivale a cada um ficar com meia banda do porco morto. Ora, qual a razão de não se permitir ao cidadão fazer um julgamento de tudo que foi feito, até agora, pelos políticos dos dois partidos? Noves fora o atentado à soberania popular, os exemplos de parcerias duvidosas como a pretendida são nefastas para a população. Para ficar somente num caso, veja-se a “aliança” entre o PMDB e uma fração rebelada da ARENA, na sucessão do general Figueiredo. O resultado foi o malsinado período Sarney, de triste memória!
Naquele momento ainda se podia alegar uma necessária transição de um período autoritário para tempos mais amenos. Mas que ameaças estaríamos a viver, hoje, a ponto de se ter que recorrer a um conchavão desavergonhado? Os eleitores da capital nunca deram bola para falsos argumentos, como o que defende uma obrigatória sintonia entre a prefeitura e os governos estadual e federal. Isto soa, sim, como reles chantagem que, além do mais, subestima a inteligência das pessoas. Presidente, governador e prefeito podem muito bem pertencer a partidos antagônicos, sem que isto comprometa os interesses do povo. Esta tensão, ao contrário, seria até benéfica. Se assim não fosse, o Maranhão seria um verdadeiro Jardim do Éden, bem como Alagoas e outros estados nordestinos, em vista da presença de seus maiorais no comando da política local, regional e nacional. Os indicadores sociais, no entanto, mostram o miserê das populações daqueles estados, numa demonstração de que aliança espúrias são, de fato, um risco para os cofres públicos. Pactos como este levam a mensalões, cartões corporativos, acobertamentos de malfeitorias e outras sinecuras mais. As forças políticas de Belo Horizonte precisam repudiar esta tentativa equivocada de colocar a cidade numa posição de menoridade cívica. A capital mineira não ficará na letargia imaginada e desejada por alguns. Um prefeito concebido nos desvãos dos palácios será um boneco de engonço, uma espécie de Sarney municipal, decorativo e nulo.
terça-feira, 19 de fevereiro de 2008
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