sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Gravação de conversas


O escândalo do dia - o caso Geddel Vieira Lima - coloca de novo sob apreciação geral, a questão de gravações disfarçadas de conversas entre duas ou mais pessoas, quer se deem no âmbito público ou privado. No primeiro caso, entra em debate o valor e a possibilidade do segredo, essência do exercício do poder. No segundo, a quebra de confiança, dimensão esta fundamental para a continuidade das relações sociais.

As tecnologias de comunicação vêm criando, a cada dia que passa, suportes que remetem às histórias de ficção científica. Botões, relógios e canetas gravadoras de última geração são oferecidas abertamente no comércio local para qualquer candidato a Juruna. O antigo xavante, cansado de desmentidos das autoridades, e para se livrar dos incômodos das explicações a seu povo, resolveu gravar suas conversas. A imagem dele transitando pelo Congresso - e pelas diversas repartições governamentais, portando um gravador do tamanho de um tijolo - entrou para o campo do folclore nacional.  

Apenas um político percebeu as implicações derivadas de eventuais gravações clandestinas, e a maneira de evitá-las: o falecido ministro Sérgio Mota. Dizia ele que a única medida defensiva contra figuras do tipo deste tal Marcelo Calero e outros, era conversar nu, dentro de uma sauna a vapor. E mesmo assim não haveria segurança total de preservação de sigilo. Afinal, diplomatas são famosos na comunidade de rapazes alegres (já apontava Peyrefitte), e não lhes seria demasiado incômodo usar um microfone embutido num supositório de tamanho adequado. 




Sala de reuniões do palácio do Planalto

Nenhum comentário: