quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Reforma política


Capitaneado por Aécio Neves o Senado da República trabalha para enfiar um projeto goela abaixo da população, numa sobredita reforma política que mande para o limbo toda e qualquer pretensão das minorias. O pretexto de tal mudança é impedir a proliferação dos partidos políticos, vistos como obstáculos intransponíveis a um bom sistema de governança parlamentar. Na sua origem o argumento não se sustenta. Afinal de contas, os partidos nanicos somados pouco afetariam um colegiado de 81 senadores e 513 deputados federais. Do ponto de vista da representatividade, o que é grave, de fato, é a situação em que estados nanicos como Roraima (propriedade dos Jucá), Acre (feudo dos irmãos Viana) e Amapá (prelazia dos Sarneys) elegem, cada um deles, oito deputados federais, enquanto São Paulo - com seu peso demográfico - é representado por apenas setenta deputados federais. 

Tal distorção - da super representação de alguns, e da sub representação de outros - é que deveria merecer a preocupação primeira de suas excelências. Este é o ponto principal: a criação de um quociente eleitoral único para todo o país, delineando distritos eleitorais de tamanho o máximo possível equivalentes. Se os nobres senadores estivessem, mesmo, imbuídos de espírito democrático e republicano aquelas três unidades da federação deveriam reverter à condição de Territórios. Numa radicalização ainda maior, deveriam ser devolvidos à Venezuela, à Bolívia e à antiga Guiana Francesa. O restante do Brasil agradeceria penhorado.   

Nenhum comentário: