terça-feira, 25 de outubro de 2016

Kalil confessou: é ladrão!


Um ladrão confesso, como Kalil, já deveria estar em prisão preventiva. Ele, no entanto, está por aí flanando e, possivelmente à procura de oportunidades, tal qual um descuidista circulando pelas ruas da cidade. Sua biografia criminosa, a acreditar-se em Montaigne, deve ter começado roubando alfinetes; depois, passou ao dinheiro vivo. Tal imagem construída pelo notável pensador francês sugere que roubar é uma prática que se inicia afanando coisas pequenas e de valor insignificante. Caso não haja uma política de tolerância zero com os infratores desde o início de suas carreiras, uma bola de neve se constituirá até chegar ao ponto alcançado por Kalil. 

O candidato a prefeito de Belo Horizonte é um predador igual aos petistas. Se estes roubam para financiar o partido, Kalil busca proveitos pessoais. A diferença é a mesma que há entre “corso” e “pirataria”. Petistas são corsários, os que roubam para uma causa; Kalil, ao contrário, é “pirata”, pois se apropria dos valores alheios para enriquecer a si próprio. O que os distingue, portanto, não são os métodos, porém, os objetivos. 

Na hipótese indesejável, mas possível, de vitória de Kalil e seu bando, a prefeitura da capital mineira se verá transformada na rediviva caverna onde Ali-Babá promovia, fraternalmente, a distribuição do butim: “um pra mim, um procê, um pra mim; um pra mim, um procê, um pra mim; um pra mim, um procê, um pra mim...”

Ademar de Barros e seu fiel discípulo Paulo Maluf disputavam votos em São Paulo ancorados no bordão “rouba, mas faz”. Kalil inovou, nesse sentido. Para ele basta o primeiro verbo: Kalil rouba. Fazer, que é bom, está fora de cogitação. No máximo, Kalil vai distribuir carinho, num bunga-bunga tropicalizado onde todos entram somente com a respectiva bunga, pronta para ser invadida e arrombada pelo fauno alfa.

Jeremias fala dos ladrões que se envergonham quando são apanhados. Engano do gentil profeta. Há ladrões que não se envergonham, têm a cara estanhada. Chegam, mesmo, a se vangloriar de seus atos perante Deus e perante os homens. Kalil é um exemplo de tal doentia falta de pudor.

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