"Muitos intelectuais, dia sim, dia
também, achavam o que dizer contra FHC, mas depois da assunção de Lula e de
Dilma ao poder, passaram a presenteá-los com um silencio obsequioso.
O que a História ainda está por
mostrar é o par de algemas de submissão voluntária com que tantos intelectuais
brasileiros — sim, existe a espécie, e a maioria lê muito pouco —
prenderam a si mesmos.
Numerosos deles, dia sim, dia também,
achavam o que dizer contra FHC, mas depois da assunção de Lula e de Dilma ao
poder, passaram a presenteá-los com endossos irracionais e um silêncio
obsequioso, que na Igreja é usado como punição. Como se o silêncio não fosse
aquilo que se diz naquilo que se cala.
À beira dos 70, que faço daqui a dois
anos, não publico minhas anotações, nem faço brotar minha memória ainda, pelo
desgosto da náusea, pois esses intelectuais me enganaram mais e mais tempo do
que Lula e Dilma.
Só para exemplificar, lembro o cinismo da senadora Kátia
Abreu, a quem coube formalizar a farsa do fatiamento do impeachment para que
Dilma pudesse ganhar a sobrevivência “como professora”. E o de José Dirceu
pedindo clemência ao juiz Sérgio Moro para que pudesse sustentar a filha de
seis anos ganhando a vida com o seu trabalho.
O ancião sequer se poupa de
lançar sobre a própria menina, ainda na idade da inocência, a mácula
desta infâmia, desta mentira, proferida diante de um juiz. A quem esse pessoal
afinal respeita? A ninguém? Vamos em frente".
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