Se a campanha para eleger o
prefeito da capital mineira fosse um filme, certamente não seria um folhetim
meloso, nem uma tragédia. Estaria mais próximo de um pastelão narrado como faroeste,
em nada, porém, similar àqueles filmes de bangue-bangue clássicos da filmografia
americana. Sua genética estaria com os faroestes espaguetes italianos, pastelões
mais próximos da comédia que dos dramas que marcaram aquele gênero. O estilo, indefectível, é o mesmo que o de Kid Morengueira.
![]() |
Dick Vigarista |
Começa o filme. No salão
alguns dançam, outros bebem e aqueloutros jogam um carteado amigo. Misturam-se
os diferentes tipos humanos. O zumbido aumenta alguns decibéis antes de tudo
ficar naquele silêncio que antecipa graves decisões. A cafetina, acostumada aos tiroteios, puxa suas pupilas pelos braços rumo a um canto protegido do salão. O mocinho e o bandido
caminham um em direção ao outro. Um bêbado pergunta a uma criança escondida
debaixo de uma mesa quem é quem os que vão duelar. A criança, sempre ela, tal como no caso da roupa do rei, não quer
perder nenhum movimento das próximas cenas. Responde rápido ao interlocutor: tá
na cara. Um é o mocinho e o outro é o bandido. Dick vigarista se dá fácil a
conhecer. A seu lado, Muttley, rindo sarcasticamente. O cão se aloja no topo da
escada, para melhor apreciar o combate.
Cuidado, Moreira! Bang, bang, bang....
Cuidado, Moreira! Bang, bang, bang....
Na fita real que se
desenrola agora na capital mineira, bem frente aos nossos olhos, em flagrante
imitação da arte pela vida, os contendores do cabaré de Belo Horizonte respondem
pelos nomes de João Leite e Kalil. Prevalecerá o julgamento comprometido com a verdade feito
pela criança? Quem é o mocinho e quem é o bandido, é a pergunta que não quer
calar. Lombroso é a chave do enigma.
Nenhum comentário:
Postar um comentário