terça-feira, 11 de outubro de 2016

Faroeste em Belo Horizonte (O rei do gatilho)


Se a campanha para eleger o prefeito da capital mineira fosse um filme, certamente não seria um folhetim meloso, nem uma tragédia. Estaria mais próximo de um pastelão narrado como faroeste, em nada, porém, similar àqueles filmes de bangue-bangue clássicos da filmografia americana. Sua genética estaria com os faroestes espaguetes italianos, pastelões mais próximos da comédia que dos dramas que marcaram aquele gênero. O estilo, indefectível, é o mesmo que o de Kid Morengueira.


Dick Vigarista



Começa o filme. No salão alguns dançam, outros bebem e aqueloutros jogam um carteado amigo. Misturam-se os diferentes tipos humanos. O zumbido aumenta alguns decibéis antes de tudo ficar naquele silêncio que antecipa graves decisões. A cafetina, acostumada aos tiroteios, puxa suas pupilas pelos braços rumo a um canto protegido do salão. O mocinho e o bandido caminham um em direção ao outro. Um bêbado pergunta a uma criança escondida debaixo de uma mesa quem é quem os que vão duelar. A criança, sempre ela, tal como no caso da roupa do rei, não quer perder nenhum movimento das próximas cenas. Responde rápido ao interlocutor: tá na cara. Um é o mocinho e o outro é o bandido. Dick vigarista se dá fácil a conhecer. A seu lado, Muttley, rindo sarcasticamente. O cão se aloja no topo da escada, para melhor apreciar o combate.  

Cuidado, Moreira! Bang, bang, bang....


Muttley Pimentel
  

Na fita real que se desenrola agora na capital mineira, bem frente aos nossos olhos, em flagrante imitação da arte pela vida, os contendores do cabaré de Belo Horizonte respondem pelos nomes de João Leite e Kalil. Prevalecerá o julgamento comprometido com a verdade feito pela criança? Quem é o mocinho e quem é o bandido, é a pergunta que não quer calar. Lombroso é a chave do enigma.



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