quinta-feira, 5 de maio de 2016

Dilma lamenta ingratidão de Anastasia


Presidente teria dito que, durante sua gestão, o ex-governador mineiro teria recebido "muita ajuda do governo federal".
Usavam  até a mesma tintura dos cabelos


Dona Dilma não deixa de ter alguma razão. A campanha de ambos foi sustentada pela denominação de "Dilmasia", quase o mesmo bordão da campanha anterior de "Lulécio". Ambas são invenção de Walfrido Mares Guia, é o que se diz em Minas. A idéia foi gostosamente encampada pelo senador Aécio Neves, notório adepto de alianças com o petismo. Basta relembrar, entre tantos outros, o patrocínio compartilhado (entre Aécio e Pimentel), na indicação de Márcio Lacerda para disputar a prefeitura de Belo Horizonte, naquele já distante ano de 2008. Lacerda era um tipo anfíbio, meio carne, meio peixe, que servira a Lula, no primeiro escalão federal, como vice-ministro de Ciro Gomes. Aliás, não custa relembrar, Lacerda estava na lista dos bonificados pelo mensalão, conforme atestou documentadamente o carequinha Marcos Valério. O versátil prefeito de BH foi, igualmente, secretário de Estado do governador Aécio. Se é para amancebar, melhor que seja com dois parceiros e, não, com um deles somente. No escurinho das madrugadas ninguém poderia ver direito qual o gato que saltava pelos telhados e se aninhava na alcova dos conchavos. 

Para que dona Dilma não se atormente com a ingratidão, e veja-a como variável existencial, segue abaixo o soneto de Augusto dos Anjos, com o melhor diagnóstico dessa fissura moral que atravessa os tempos, lugares e partícipes. Dona Dilma, no entanto, não é iniciante no assunto. Quando traiu o PDT, que a indicara para ser secretária de Minas e Energia do governo gaúcho - o governador era Olívio Dutra - não titubeou. Para não perder a boquinha, largou seu antigo partido, que devolvera os cargos que possuía devido a aliança entre eles, e se filiou ao PT. Brizola bem que disse à época que ela se vendera por um prato de lentilhas. O velho caudilho às vezes dava uma dentro. 

VERSOS ÍNTIMOS
Augusto dos Anjos

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

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