Cuidemos do cerco a Dilma que do cerco a Lula cuida a Lava-Jato.
Está assim: não há em Brasília viva alma no primeiro escalão da
República, nem mesmo no segundo, que aposte na permanência dela no poder até o
fim do ano.
O primeiro escalão reúne ministros de Estado, ministros do Judiciário,
presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, e os líderes dos principais
partidos. O segundo escalão, aqueles que trabalham ligados diretamente a
essa gente.
O ex-presidente José Sarney não ocupa nenhuma dessas posições. Mas é um
político influente, embora sem mandato. E faz parte do primeiro escalão da
República. A senadores, segundo informou a edição online do Jornal do Brasil,
ele disse na última quarta-feira:
- Acabou [o governo]. É como Café, Getúlio e Collor.
É o que mais se ouve em Brasília de uma semana para cá: "Acabou o governo.
Acabou".
Getúlio Vargas matou-se quando os militares ameaçaram derrubá-lo em
1954. Foi sucedido por Café Filho, seu vice, que logo caiu.
Fernando Collor, o primeiro presidente eleito pelo voto popular depois
da ditadura militar de 1964, acabou cassado pelo Congresso em 1992.
Dilma caminha para perder o mandato por obra e graça dos graves erros
que cometeu, das crises sem solução que assolam o país e por lhe faltar talento
para governar. Agradeça a Deus se escapar sem que lhe acusem de corrupção.
A essa altura, nem mesmo o PT acredita que possa salvar Dilma. Ou pior:
nem mesmo o PT está interessado em tentar salvá-la. O PT quer salvar Lula. Se
conseguir, ficará de bom tamanho.
Há manobras políticas diversionistas em curso que só servem para
esconder o que de fato importa.
“Parlamentarismo, já!” - defendem muitos. “Parlamentarismo, em breve!” -
pregam outros.
Tolices. No momento, tolices. Imagine este parlamento, logo este,
fortalecido por uma troca de regime.
“Eleição presidencial no fim do ano coincidindo com a eleição já marcada
de vereadores e prefeitos!”
Tem gente no PT disposta a comprar essa ideia. Se Lula livrar-se da
Lava-Jato, quem sabe ele não se candidata outra vez a presidente e se elege?
Não leve a ideia a sério.
O que se trama, o que amadurece enquanto se agrava a situação do país,
enquanto Dilma se isola cada vez mais e é isolada por todos, é a simples
deposição dela via impeachment e a ascensão do vice-presidente Michel Temer.
Senadores e deputados já não reclamam do rito do impeachment estabelecido
pelo Supremo Tribunal Federal. Que se faça como o Supremo quer - desde que
logo.
Será a saída mais simples e mais rápida para uma situação que se tornou
insuportável.
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