quarta-feira, 9 de março de 2016

Governo tenta livrar-se da culpa por conflitos de rua no próximo domingo (Noblat)


Um governo que tenta parecer que governa convocando reuniões de emergência quase todo dia realizou mais uma, ontem, dessa vez para tratar das manifestações marcadas para o próximo domingo em mais de 200 cidades do país. Elas pedirão o impeachment da presidente Dilma.
A presidente aproveitou a reunião para dizer que o governo precisa de paz para governar. Ministros saíram da reunião dizendo que conflitos de ruas só serviriam para agravar a situação do país assolado neste momento pelas crises econômica e política.
Porta-vozes formais e informais do governo informaram que ministros telefonaram para governadores aconselhando-os a garantir a ordem pública diante do risco de manifestantes contra e a favor de Dilma apelar para a violência.
De sua parte, líderes do PT se apressaram em proclamar que militantes do partido estão sendo orientados a ficar em suas casas. Atos públicos patrocinados pelo PT em defesa do governo e de Lula só acontecerão a partir da segunda-feira.
Não haverá nas ruas manifestantes a favor de Dilma porque eles, na verdade, não existem ou simplesmente evitam se manifestar. O que poderá haver serão manifestantes a favor de Lula, do PT e dos partidos que apoiam o governo por falta de outra opção.
O governo está empenhado em se vacinar contra a violência que poderá manchar manifestações favoráveis ao impeachment e que foram pacíficas até aqui.  Mas para se prevenir contra isso, bastaria que Dilma pedisse a Lula. E que Lula a atendesse.
Foi Lula, depois de ter sido conduzido para depor à Lava-Jato na última sexta-feira, que desatou o perigo de às crises política e econômica vir a juntar-se uma crise institucional. Foi ele que adotou o discurso incendiário que, hoje, contamina seus seguidores.
Lula está acuado pela Lava-Jato. E tanto que, embora afirme que sempre esteve à disposição para ser ouvido por delegados e procuradores, e que sempre estará, sua a camisa para manter-se distante deles. Principalmente daqueles ligados ao juiz Sérgio Moro.
A defesa de Lula entrou com mais um recurso junto ao Supremo Tribunal Federal para anular as investigações que o têm como alvo. Quer evitar de  depor diante de Moro na próxima quarta-feira como testemunha de defesa do empresário José Carlos Bumlai, seu amigo, preso.

Receia que as perguntas de Moro possam complicar ainda mais a sua situação de suspeito por crimes de corrupção. O futuro de Lula será decidido em breve.  E por mais que ele queira não será decidido por ele e, sim, por fatos que escapam ao seu controle.

Nenhum comentário: