quarta-feira, 18 de novembro de 2015

ACIDENTES (Publicado no jornal O TEMPO, em 14/11/2015)


Acidentes fazem parte da história humana. Estão intimamente vinculados à maneira de viver de cada época e às invenções produzidas ao longo do tempo. Naufrágios, por exemplo, só apareceram após a construção de barcos ou navios. Da mesma maneira, acidentes aéreos, que só entraram na agenda das possibilidades depois da construção dos primeiros aviões. As estradas de ferro trouxeram consigo o germe dos acidentes ferroviários. 

Até as inovações políticas, como a democracia de massa, podem acarretar eventos catastróficos. Está aí a experiência trágica para o povo brasileiro decorrente da presença do PT no governo da república. A eleição para presidente de um analfabeto autoritário e, logo em seguida, de uma dama nefelibata com inequívoco pendor totalitário, já trazia em si o prenúncio do que o país está vivendo agora: o somatório de incompetência, irresponsabilidade e truculência similar ao ocorrido no século passado à Alemanha nazista e à Rússia comunista: um desastre de proporções babilônicas. Por mais que se cuide, sempre haverá o risco do imprevisto, ou até mesmo do previsível, que deveria estar sob tutela e controle.

O acidente com as barragens de rejeitos no município de Mariana é daqueles que um dia iriam acontecer, mantidos os procedimentos que o antecederam, verdadeira crônica de uma morte anunciada. Fatal, ainda mais com governantes relapsos cuja maior preocupação é de natureza fiscal. Contentam-se com relatórios (o papel aceita tudo) e com a apropriação das suculentas e devidas taxas e emolumentos. Os burocratas de plantão dos órgãos ambientais brasileiros apreciam, também, receber notebooks, carros, GPS’s e outros brindes que lhes facilitem a vida nas supostas atividades fiscalizatórias. Fazem lembrar os sobas das cortes africanas que obrigavam os traficantes europeus a lhes dar presentes, caso quisessem fazer algum tipo de negócio. Eis um costume secular, derivado do tráfico negreiro, jamais desentranhado das nossas tradições.

As empresas mineradoras multinacionais que operavam a mineração são as responsáveis objetivas pelo acidente. Isso não tem qualquer dúvida. A Constituição e o Código Civil brasileiro são claros a respeito. Basta conferir, por exemplo, os artigos que versam sobre responsabilidade do Estado daqueles diplomas legais. O IBAMA e o DNPM (governo federal) e a Feam (governo estadual) também fazem parte da cadeia de responsabilidades. A tal conjunto é necessário, porém, agregar o próprio executivo - federal e estadual – por sua responsabilidade política frente aos cidadãos. 

Governador e Presidente deveriam, no mínimo, cortar a cabeça dos dirigentes de órgãos, autarquias e fundações vinculados ao controle ambiental e minerário. Por muito menos o governo da Romênia foi deposto ainda recentemente. Aqui entre nós, infelizmente, não foi incorporada a salutar instituição japonesa do haraquiri. O Brasil melhoraria e muito se os governantes fossem obrigados a se auto -imolar pelas trapalhadas e equívocos que cometessem em prejuízo do povo.

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