Segue o texto escrito há mais de uma década. Ninguém foi enganado pelos gatunos, ou pode dizer que nada sabia. A denúncia de Mangabeira Unger consta de artigo publicado no jornal de maior circulação nacional, a Folha de São Paulo. Está nos arquivos eternos da internet. Aliás, trocando Lula por Dilma, o diagnóstico continua perfeito.
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"Afirmo que o governo Lula é o mais corrupto de nossa história nacional. Corrupção tanto mais nefasta por servir à compra de congressistas, à politização da Polícia Federal e das agências reguladoras, ao achincalhamento dos partidos políticos e à tentativa de dobrar qualquer instituição do Estado capaz de se contrapor a seus desmandos.
Afirmo ser
obrigação do Congresso Nacional declarar prontamente o impedimento do
presidente. As provas acumuladas de seu envolvimento em crimes de
responsabilidade podem ainda não bastar para assegurar sua condenação em juízo.
Já são, porém, mais do que suficientes para atender ao critério constitucional
do impedimento.
Desde o
primeiro dia de seu mandato o presidente desrespeitou as instituições
republicanas. Imiscuiu-se, e deixou que seus mais próximos se imiscuíssem, em
disputas e negócios privados. E comandou, com um olho fechado e outro aberto,
um aparato político que trocou dinheiro por poder e poder por dinheiro e que
depois tentou comprar, com a liberação de recursos orçamentários, apoio para
interromper a investigação de seus abusos.
Afirmo que
a aproximação do fim de seu mandato não é motivo para deixar de declarar o
impedimento do presidente, dados a gravidade dos crimes de responsabilidade que
ele cometeu e o perigo de que a repetição desses crimes contamine a eleição
vindoura. Quem diz que só aos eleitores cabe julgar não compreende as premissas
do presidencialismo e não leva a Constituição a sério.
Afirmo que
descumpririam seu juramento constitucional e demonstrariam deslealdade para com
a República os mandatários que, em nome de lealdade ao presidente, deixassem de
exigir seu impedimento. No regime republicano a lealdade às leis se sobrepõe à
lealdade aos homens.
Afirmo que
o governo Lula fraudou a vontade dos brasileiros ao radicalizar o projeto que
foi eleito para substituir, ameaçando a democracia com o veneno do cinismo. Ao
transformar o Brasil no país continental em desenvolvimento que menos cresce,
esse projeto impôs mediocridade aos que querem pujança.
Afirmo que
o presidente, avesso ao trabalho e ao estudo, desatento aos negócios do Estado,
fugidio de tudo o que lhe traga dificuldade ou dissabor e orgulhoso de sua
própria ignorância, mostrou-se inapto para o cargo sagrado que o povo
brasileiro lhe confiou.
Afirmo que
a oposição praticada pelo PSDB é impostura. Acumpliciados nos mesmos crimes e
aderentes ao mesmo projeto, o PT e o PSDB são hoje as duas cabeças do mesmo
monstro que sufoca o Brasil. As duas cabeças precisam ser esmagadas juntas.
Afirmo que as bases sociais do governo Lula são os rentistas, a quem se transferem os recursos pilhados do trabalho e da produção, e os desesperados, de quem se aproveitam, cruelmente, a subjugação econômica e a desinformação política. E que seu inimigo principal são as classes médias, de cuja capacidade para esclarecer a massa popular depende, mais do que nunca, o futuro da República.
Afirmo que
a repetição perseverante dessas verdades em todo o país acabará por acender,
nos corações dos brasileiros, uma chama que reduzirá a cinzas um sistema que
hoje se julga intocável e perpétuo.
Afirmo que,
nesse 15 de novembro, o dever de todos os cidadãos é negar o direito de
presidir as comemorações da proclamação da República aos que corromperam e
esvaziaram as instituições republicanas".
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