quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Crime político

Os petistas e associados repetem, qual um mantra, que todos - políticos e partidos - são ladrões. Em sua ladainha monótona buscam justificar a formidável roubalheira que praticam, ou patrocinam, desde sua origem nos valhacoutos sindicais, diariamente denunciada pela grande imprensa (que a pequena está na folha de pagamento das empresas estatais e nada fará que comprometa a bocada). 

Uma das mais patéticas afirmações dos governistas larápios diz que "a corrupção não foi inventada pelo PT". Ora, claro que não foi. Também o assassinato não foi inventado pelos nazistas. Atentar contra a vida, a dignidade e o patrimônio alheios faz parte, de fato, da larga história humana. A própria existência de vedação expressa no Decálogo mosaico indica que condutas reprováveis - do tipo matar e roubar - já se apresentavam como possíveis, desde tempos imemoriais, e deveriam ser repudiadas. Não é cabível, portanto, nenhuma justificativa para os crimes de hoje, apontando para os crimes que foram cometidos ontem. A ser assim, aqueles que ainda escravizam, ou estupram, estariam autorizados a escorar suas malfeitorias presentes nas lamentáveis estripulias do passado.   

Os petistas e os nazistas possuem a mesma base genética, a mesma natureza totalitária. Hannah Arendt demonstrou a identidade do nazismo e do comunismo. Ponto importante que os assemelha é a escala com que violaram antigos e respeitáveis cânones civilizatórios. O genocídio sofrido pelo povo judeu (junto com outros menos referidos, porém tão graves quanto), só se equipara ao praticado pelos soviéticos desde 1917, aliás, matriz ideológica do stalinismo tardio que viceja frondosamente no Brasil e alguns de seus vizinhos. A decisiva doutrina dos dois campos - cunhada por Jdanov após a segunda grande guerra - é a prova acabada dos laços espirituais que unem a visão de mundo dos velhos comunistas da Rússia e a dos novos (?) velhos comunas abrigados na estrutura do lulo-petismo.  

O petismo parece atuar obedecendo a algum algoritmo que visa, ao fim e ao cabo, minar as instituições, a começar pelo desrespeito sistemático às leis e, principalmente, à Constituição. É um quadro tão assombroso que não seria ilícito afirmar que (onde há petistas), alguma tramoia está em curso ou, no mínimo, em estágio de planejamento. Seu potencial deletério poderia ser aferido por uma medida de distância entre um petista e algum cofre, com a respectiva ponderação derivada de relação funcional. Segundo tal gradação de periculosidade, seu auge se concretizaria com a posse plena da chave e o monopólio do segredo, dispensando assim a gazua e a dinamite habituais a que pequenos gatunos lançam mão. 

O grande crime petista não é o que atenta contra o patrimônio: é o que afronta a ordem jurídica da nação brasileira. Seu crime é político. O dinheiro furtado dos cofres públicos é apenas um instrumento. Verdade que seduz alguns, mais, outros, menos, mas seu papel é o de alavancar um projeto de poder. Eventuais deslumbramentos são postos na conta das fraquezas humanas ou, então, no preço a ser pago para a manutenção dos áulicos no lugar que lhes é destinado: um calaboca. Aos favoritos da Corte sempre couberam dádivas e prebendas valiosas como prêmio e tributo de fidelidade, nem sempre muito estável. 

O petismo inverteu o processo clássico que mandava constituir uma classe social antes da tomada do poder. Viraram a regra de cabeça para baixo: primeiro tomaram de assalto o aparelho do Estado e, em seguida, passaram a organizar uma nova classe social - cujo cerne é o patriciado burocrático - controlador do núcleo financeiro composto pelos bancos públicos e os fundos de pensão. A clientela diversificada que se acoplou a tal base (desde os que auferem as migalhas do assistencialismo até os rentistas de grossos cabedais), construíram uma incrível espécie de solidariedade, mais orgânica que mecânica, para tomar emprestados velhos conceitos sociológicos, cuja perpetuação persegue se legitimar utilizando-se dos processos eleitorais de massa, momentos onde é possível fazer o diabo, menos perder as decisivas eleições majoritárias. 

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