quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Casa da Moeda: o próximo alvo

Uma olhada retrospectiva sobre a trajetória do petismo e associados permitiria antecipar alguns de seus próximos passos? Haveria algum trilho ainda não percorrido pela turma? Talvez a resposta a tais indagações seja positiva. Ao longo dos últimos trinta anos, diretórios estudantis, sindicatos, bancos públicos, Petrobrás, Eletrobrás, DNIT e outros serviços públicos (como os de água, transporte e limpeza urbana em inumeráveis prefeituras), todos sofreram, em algum momento do passado, os efeitos da atuação deletéria de corruptos de diferentes matizes e calibres do universo lulo-petista. 

A pergunta chave, portanto, seria: onde tem dinheiro disponível? Em seguida, indagar: Como abocanhar uma parte dessa grana?

Se as torneiras se fecharem nos esquemas anteriores, há que se descobrir, ou imaginar, alternativas tão ou mais rentáveis que aquelas que geraram os últimos escândalos. A célebre recomendação do Garganta Profunda - "siga o dinheiro" - se levada ao pé da letra coloca na alça de mira da quadrilha governante a Casa da Moeda. Aqui, sim, os valores se encontram em seu estado puro, líquido, na forma de moeda sonante. Não é necessária nenhuma intermediação, ou complexas manobras, envolvendo entidades sociais e políticas, nem ações junto a empreiteiras, empresas públicas e instituições financeiras e outros corretores. 

Abraçar a Casa da Moeda significaria, antes de mais nada, reduzir ao máximo a entropia monetária, vale dizer, a perda de parcelas do montante inicial passível de ser desviado - na longa cadeia percorrida pelo dinheiro - entre o total que sai do erário e os bolsos do destinatário final. Seria a absoluta supressão de intermediários gananciosos ávidos por morder um naco da propina (quando esta extraída pelos métodos convencionais), obrigatoriamente inflacionada para poder atender a tantos interessados. O exemplo do recente escândalo do petrolão ilustra bem o problema. 

Segundo o notório Paulo Roberto Costa, de cada real desviado da Petrobrás, apenas uma terça parte caía nos cofres do PT; o restante ia para diferentes parceiros no negócio, além de servir para custear o processo de branqueamento legal do numerário e outras despesas gerenciais e administrativas. Reduzir a cadeia da propina, portanto, é uma medida destinada a morigerar a administração pública, levando a corrupção a um padrão aceitável e - por que não? - civilizado. 

O Movimento dos Sem Casa da Moeda superaria tais dificuldades. A famosa Casa tem equipamentos gráficos capazes de imprimir dinheiro; até o dólar americano e outras moedas, se preciso for, em vista do reconhecido domínio tecnológico dos processos por parte da instituição. Qual a dificuldade, então, de se imprimir R$101 milhões, em vez de R$100 milhões? Um ponto adicional de percentagem (em vez dos três pontos da propina reconhecida no escândalo da Petrobrás), pouco impacto teria nas contas públicas. O custo desse inovador procedimento teria ainda um caráter democrático, pois seria repartido por toda a sociedade, na forma de inflação, certamente bem mais moderada que a atual vigente no país. 

Há quase 300 anos (mais precisamente, em 1729), Swift publicou sua "Proposta Modesta", onde recomendava como saída para resolver os desafios da pobreza em Dublin (com incontáveis crianças vivendo na mais negra miséria), que elas fossem literalmente devoradas pelos ricos. Chegou a sugerir métodos de criação dos bebês, além de receitas culinárias e alternativas para o aproveitamento da pele dos sacrificados na fabricação de bolsas e luvas para senhoras elegantes, gerando renda e bem estar aos desempregados.

A situação brasileira é tão absurda que talvez devamos, mesmo,  seguir a inspiração do genial irlandês, entregando de vez para a turma de gatunos, a fábrica de papel-moeda instalada na Casa da Moeda. O custo social e econômico ficaria mais palatável. Desde, é claro, que não se imprima mais de um por cento do total impresso costumeiramente.

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