Os doutrinadores do
lulo-petismo construíram um estratégia política que lhes garantiu a vitória nas
eleições presidenciais por três vezes sucessivas. Aplicando conceitos extraídos
do leninismo renovado (basicamente nas doutrinas de Gramsci), erigiram um
conjunto de procedimentos, seguidos com a disciplina stalinista, que lhes desse
a hegemonia em todos os campos da vida social, cultural, econômica e política.
O projeto é simples na sua concepção, porém de complexa execução quando posto
em prática. Ganhar ou perder eleições nunca foi o objetivo maior a ser
alcançado. Tanto isso é verdade que ao longo dos últimos trinta anos o PT
marchou sozinho – ou com alguns fiéis partidos satélites – em disputas de toda
ordem. Buscaram, antes, consolidar um nicho que ancorasse seus movimentos no
futuro, que ganhar mandatos a qualquer preço em eventuais disputas.
Consolidado, passou a admitir então qualquer tipo de composição com outras
forças sociais e políticas, desde que eles, petistas, detivessem o controle e o
comando último.
Para que este projeto
de larga duração obtivesse êxito seria necessária, todavia, a conquista dos
corações e das mentes, não só das massas populares quanto, também, de artistas,
professores, intelectuais e outras lideranças políticas, empresariais,
eclesiásticas e militares. Mais que as mentes, aliás, o fundamental seria
conquistar os corações, em toda sua extensa significação e valor simbólico.
Laços baseados no afeto são mais duradouros que aqueles forjados pela fria
inteligência. David Hume, o notável racionalista inglês, já reconhecia a razão
como escrava das paixões. Nenhum argumento, por exemplo, nem o mais
consistente, levaria um torcedor apaixonado a renegar seu time, quando derrotado,
pelas cores de outro, mesmo que este seja persistentemente vitorioso.
O desespero da cúpula dirigente do petismo com as manifestações críticas nos estádios de futebol e nas ruas tem, pois, razão de ser. O povo brasileiro denota claramente que está com preguiça de dona Dilma e sua corte de patifes – Sarney, Collor, Calheiros, Zé Dirceu, Genoíno, Delúbio etc. Do mais graduado ao mais reles, a relação é enciclopédica, quase infinita. Quem quer que tenha sua própria lista de políticos corruptos poderá constatar: todos com Dilma, sem tirar nem por, em qualquer estado da federação.
Em sua volúpia hegemônica os petistas açambarcaram, sem pudor, de caquéticos e anacrônicos coronéis nordestinos, a modernosos tecnocratas gatunos, como os que abundam na Petrobrás e outras empresas públicas. Até Maluf, ícone inconteste e notório da velhacaria e cinismo nacional, antigamente tratado pelo PT a tapas, agora andam aos beijos, sôfregos, nas enxovias, próximos dos cofres. Enlouquecidos pela soberba, os petistas julgaram que o afeto popular lhes perdoaria qualquer crime. Mas o filtro de tolerância que beneficiou o partido durante tantos anos se esgarçou. Perderam.
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