segunda-feira, 23 de março de 2009

COLLOR DA SILVA E OS CONFISCOS DA POUPANÇA

Uma experiência genética que se propusesse a fundir o DNA de Collor com o de Lula não seria mais bem sucedida que a fusão espiritual em curso, atualmente, entre os dois colossos. Ambos orientados politicamente para os humores do lumpen proletariado (terminologia arcaica usada em outros tempos para designar a massa amorfa), julgam-se acima do bem e do mal e não submetem, nem nunca submeteram, ao crivo de quem quer que seja as emanações desmioladas de suas cabeças primitivas. O senador alagoano - auto definido como "base do governo do presidente Lula" - vai se tornando cada vez mais íntimo do velho pelego sindical. Lula herdou do outro o discurso direto para os descamisados (os excluídos do jargão contemporâneo), e o ódio a toda manifestação de inteligência humana. Da casa da Dinda, do início dos anos 90, passou-se hoje com naturalidade para a casa da Mãe Joana, bordel político financeiro implantado pelo petismo em todos os rincões do país. Lula e Collor, Collor e Lula... Nunca dois se pareceram tanto um com o outro como os referidos personagens.

Collor caiu por causa da corrupção? Ledo engano. Caiu por arrogância - ao julgar desnecessário adquirir o passe de um bom número de congressistas, fundamentais para eventual bloqueio de uma ação de impeachment similar ao que sofreu. Lula, mais esperto, e tendo aprendido com os fatos, procurou logo os 300 picaretas já mapeados por ele alguns anos atrás, e distribuiu entre eles parcelas da cobiçada carniça extraída dos cofres públicos, como se faz costumeiramente para acalmar hienas indóceis e resmungantes. Livrou-se Lula, pois, de sofrer as agruras de seu companheiro alagoano, não por virtude ou ausência de crimes - alguns bem mais graves que os cometidos por Collor - mas por repartir bem entre os que decidem o espólio da viuva desprotegida. O mensalão é o símbolo desta partilha. Qual um Silvio Santos no auditório, Lula da Silva, postado no Planalto, ficava a perguntar: quem quer dinheiro? quem quer dimdim? quem quer uma boquinha? As ávidas mãos de tantos levantavam-se e eram, quase que imediatamente, agraciadas pela generosidade do "padim".

Collor, agora, sugere a Lulla uma nova garfada contra o patrimônio do povo brasileiro. Mas, atenção, diz elle à sua alma gêmea: "não se deve confiscar a poupança das cadernetas de uma só tacada! Há que se ter cautela! Muita cautela!" Collor sabe o que diz. Sua rejeição por parte significativa do eleitorado no início do seu infeliz mandato - e que ajudou a legitimar sua cassação - foi o confisco do dinheiro popular. Collor recomenda, então, a seu dileto sucessor que só promova uma redução das taxas de juros que remuneram as cadernetas de poupança. Afinal, diz com sabedoria: há que se rolar a dívida pública e isto implica em pagamento de grossos cabedais aos banqueiros, que se entopem de dinheiro emprestando fabulosas quantias, diariamente, ao Banco Central. Se as cadernetas continuarem a pagar os 6% anuais, como acontece atualmente, o ganho da banca ficará comprometido e eles verão retraída a dimensão da cornucópia de onde brotam seus lucros babilônicos. "Banqueiros e agiotas, companheiro Lulla, são gulosos e não gostam de competição." As oposições precisavam atentar para tais fatos e se preparar para defender a poupança pública, principalmente aquela que se encontra nas milhares de cadernetas de poupança que Lulla e Collor querem tungar. Um novo confisco, portanto, se avizinha. Quem tiver condições migrará, certamente, para aplicações mais seguras como o dólar americano. Quem viver verá.

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