quarta-feira, 25 de março de 2009

ANGU DE CAROÇO

Emílio de Menezes, poeta famoso pela ironia, espicaçava seus desafetos com memoráveis sátiras. De uma de suas vítimas, o professor Hemetério, figura notória no início do século passado, ele dizia que “do ensino fez um verdadeiro angu, com que empanturra todos os membros do magistério”. O espírito do tal Hemetério parece, todavia, que não morreu com ele e, aí está, assombrando ora um ora outro figurão da República. Luiz Inácio, por exemplo, transformou a Política num grande balcão de negócios. Suas realizações resumem-se a prometer obras e distribuir dinheiro, ajuntando mais palavras do que pedras. O conceito que preside suas ações é de fundo estritamente monetário. Sua única preocupação é falar de grana. Isto é tão marcante nele que, após o final de seu mandato, poderá com naturalidade participar de lucrativos Conselhos de Administração de qualquer banco aos quais, aliás, ele dá tão boa vida e tantos lucros. Com um eventual surto de gratidão dos agiotas nacionais e internacionais, ele está garantido até o fim de sua existência. Talvez tenha sido só coincidência, talvez, não, mas o fato é que na declaração de patrimônio do candidato Luiz Inácio, em 2006, as aplicações financeiras tiveram um lugar de merecido destaque.

Não se ouve nos comícios diários de Luiz Inácio nada que seja edificante ou que possa servir de exemplo positivo para a posteridade. O grotesco e a baixaria emanam de seu espírito turvo. Ele só pensa naquilo! É um tal de “quanto vai custar isso?”, “quanto vai sobrar para a companheirada?”, “quanto precisamos arrancar do povo para fazer o que bem entendo?, “quanto vocês querem para votar assim, assado?” e outras do mesmo jaez. Levando para o Planalto a prática pelega de reduzir as questões trabalhistas a cifrões, e nesta negociação capturar algum para si e para a gulosa burocracia sindical, Luiz Inácio é a demonstração viva da idolatria - ao dinheiro, por suposto. Se ele tivesse nascido dois mil anos atrás seria um acólito do Sinédrio, isto é, se não estivesse no lugar de Caifás, comandando a cobrança dos dízimos e outras fontes da renda captada pelo Templo, um verdadeiro talho, como dizia Eça. O Divino Mestre, não esqueçamos, foi condenado por atrapalhar os negócios dos pontífices da época e, não, por alguma heresia eventual. Luiz Inácio repete, assim, comportamentos como do Professor Hemetério: faz do Brasil um angu de caroço, monetarizando toda a política e temperando-a com grosserias e obscenidades.

Nenhum comentário: