quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Freud e a psicanálise silvestre

No artigo "Psicanálise Silvestre", em que discorre sobre a má compreensão a respeito do assunto por parte de neófitos, Freud tece alguns comentários que deveriam, ainda hoje e mais que nunca, ser levados em consideração.

Procurado por duas mulheres já maduras, que lhe relataram os "conselhos" recebidos de outro médico bem jovem para uma delas, recém divorciada (voltar a conviver com o ex-marido, arrumar um amante ou, então, masturbar-se), Freud assinala, de início, que o "conceito do que é sexual vai muito além de sua posição vulgar". Tão má compreensão científica pode acarretar danos aos pacientes, bem como ao próprio médico. 

Deixemos, então, que o grande pensador austríaco fale por si, segundo conferência pronunciada em 1905:

"Longos anos de experiência me ensinaram - como podem ensinar a qualquer outro - a não aceitar de imediato como verdade o que os pacientes, especialmente os pacientes nervosos, relatam acerca de seus médicos. Não apenas facilmente se torna o especialista em doenças nervosas o objeto de muitos dos sentimentos hostis de seus pacientes, qualquer que seja o método de tratamento que empregue; ele deve também, muitas vezes, resignar-se a aceitar, por uma espécie de projeção, a responsabilidade pelos desejos reprimidos ocultos de seus pacientes nervosos. É um fato melancólico, mas significativo, que tais acusações em nenhum outro lugar encontrem crédito mais prontamente do que entre os outros médicos" (p. 207, 208 do vol. XI, das obras completas de Freud, editadas pela Imago).

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