domingo, 24 de abril de 2016

Palhaços aprovam corrupção


Palhaços e bobos da corte são herdeiros de milenar tradição. São livres para dizer as verdades que outros não podem enunciar, sob o risco de terem a cabeça degolada.

Os palhaços, portanto, assim como os demais humoristas, cumprem importante papel público. Talvez, mesmo, uma função contra-majoritária ao denunciar a falsa roupa do rei, que desfilava completamente nu buscando os aplausos da multidão. A palhaçada foi proclamada por uma criança, certamente um aprendiz de palhaço, que arrostou a opinião bajuladora da maioria e repôs as coisas no seu devido lugar. A magnífica vestimenta real era uma ilusão.

Fiéis a tão honorável costume, palhaços brasileiros resolveram questionar o Tiririca por ter votado a favor do impeachment de dona Dilma. Alguns supõem que Tiririca ficou com inveja das palhaçadas presidenciais, das quais a autodenominação flexionando o gênero é a mais inofensiva, porém, não menos ridícula manifestação. 

Pois bem. uma associação, ou sindicato, de palhaços expeliu uma nota de protesto contra o posicionamento do Tiririca. Sem qualquer preocupação com a roubalheira e o circo monumental erguido pelos petistas para facilitar as divertidas formas de gatunagem, os pândegos partiram pra cima do deputado, em notável palhaçada a favor, ela que é sempre do contra. Haveria, por exemplo, coisa mais engraçada que os casos de Lula: do seu apartamento que não é seu e do seu sítio que também não lhe pertence? Humor puro, eis a verdade. Boca Nervosa, o sambista apalhaçado descreveu bem a situação: "Não é nada meu, excelência eu não tenho nada, isso é tudo de um amigo meu".

Mas vale a pena ler parte da "nota oficial". Segue abaixo o tal protesto questionando Tiririca. Houve pequena revisão, de grátis, como diria o Mussum, para ajustar o texto ao espírito da época.

“Nós, palhaças e palhaços profissionais - brasileiras e brasileiros, estrangeiras e estrangeiros, terráqueas e extraterrestres - engajadas e engajados na defesa da democracia do Brasil, manifestamos nossa mais completa insatisfação e repúdio em relação à postura e ao voto de vossa excelência.”

Viva Carequinha!

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