Os
presidentes não precisam ser eruditos. Mas, na República Velha, o Brasil teve
um: Washington Luiz, historiador, autor de livros e ensaios. Rodrigues Alves e
Afonso Pena também eram homens cultos. Já o marechal Hermes da Fonseca era
famoso pela burrice, e só. Com a Monarquia ainda na memória, todos os
presidentes daquela época buscavam uma postura que lembrasse a do imperador
recém-derrubado, ereta e digna.
Getúlio e
Dutra eram austeros; Juscelino, exuberante; e Jango, tímido. Mas não se conhece
uma frase deles que não pudesse ser lida por senhoras no café da manhã. E
Janio, sempre três uísques à frente da humanidade, nunca errou uma mesóclise.
Castello
Branco achava-se um intelectual, fazia citações em francês. Costa e Silva era
grosso, mas sóbrio. Médici tinha a profundidade de um manequim de vitrine.
Geisel amarrava a cara para não ter de falar. Figueiredo, sim, deixou frases
para a história ("Prefiro o cheiro de cavalo ao cheiro de povo"), mas
que só chocavam pelo conteúdo. E Sarney, Collor e FHC eram bons de verbo e
divergiam apenas na maneira de mentir –com sinceridade ou cinismo.
Lula, por
sua vez, transferiu a Presidência para o mictório do botequim. Em 2004, ao
ouvir de um assessor que a Constituição o proibia de expulsar um jornalista
estrangeiro, ejaculou, "Foda-se a Constituição!". O único a registrar
a frase foi o repórter Ricardo Noblat, em seu blog. Não era algo a sair em
letra de forma. Mas, hoje, como um ex-presidente em tempos mais liberais, Lula
pode exercer seu estilo.
Está "de saco cheio" quanto a perguntas sobre "a porra" do seu tríplex que não é dele. A história do pedalinho é uma "sacanagem homérica". "Ninguém nasce com 'Eu sou um filho-da-puta' carimbado na testa". E eles que "enfiem no cu tudo o processo". O estilo é o homem. Perdão, leitores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário