quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Fulanizando (argh!) a oposição


Dona Dilma é impagável, em todos os sentidos possíveis. Em surpreendente contradição com os pressupostos analíticos dos que se consideram marxistas-leninistas (como é o caso da insigne dama), ela quer reduzir a luta política  do impeachment a um embate entre personalidades: ela e o deputado Eduardo Cunha. 

Ora, madame, não se faça de trouxa, nem a nós muito menos. Decisões intrinsecamente corretas podem ser tomadas pelo pior dos bandidos ou, como declarou o ex-ministro Miguel Reale, Cunha escreveu certo por linhas tortas. É a mesma coisa quando se quer desclassificar as denúncias, que jorram aos borbotões no conjunto das delações premiadas, dentro do processo da operação Lava Jato. É uma piada grotesca questionar a validade dos depoimentos incriminadores da quadrilha do PT, sob a alegação de serem os denunciantes criminosos confessos. 

Quem, então, tem legitimidade para denunciar os acontecimentos e fatos desenrolados no interior de quadrilhas? Por óbvio, somente os que a elas pertencem. Quando dom Tomazo Busceta - antigo chefão da Máfia - entregou seus antigos parceiros de crimes, ficou a pergunta: algum outro personagem teria os pressupostos para fazê-lo? Ou alguém esperava que o Santo Padre fosse a fonte das denúncias? Somente quem acessa a caverna de Ali-Babá tem condições de reportar o que nela acontece. O Papa, por suposto, não costuma frequentar tais lugares sórdidos. Não poderia, portanto, servir de testemunha para nada. 

Dona Dilma e sua quadrilha só poderiam ser mostrados em toda sua crua nudez por algum cúmplice, o que parece ser o caso dos últimos acontecimentos de Brasília, esta Sodoma rediviva. Nesse antro de perdição em que consiste a capital da república brasileira, o mais limpo tem sarna. Além do mais, não é o deputado Eduardo Cunha que quer o fim do governo petista, a ser obtido por meio do impeachment. É o povo brasileiro, na proporção de dois em cada três, que o quer. 

Se a frase de Ulisses Guimarães estiver correta ("o Congresso sempre faz aquilo que o povo quer"), a obtusa madame irá antecipadamente para o lixo da história, ao qual já está há muito condenada, juntamente com a escória ou, para pedir emprestada uma expressão famosa, do lumpenproletariat que a cerca e sustenta, ao custo de "salsichões e alho", que podem ser trocados na atualidade por mortadela e tubaína (é necessário reler O 18 brumário de Luiz Bonaparte). 

Dona Dilma é uma figura nefasta. Só não é pior que seu mentor e líder. Provavelmente tentará colocar seus mirmídones nas ruas, para intimidar e afrontar a população, tentando evitar aquilo que a vasta maioria dos brasileiros mais quer: impeachment já!  Ninguém suporta mais sequer vê-la falando abobrinhas na televisão. Esta a razão pela qual muitos preferem ficar na janela, bem sonhando que, em vez da velha frigideira, ali estaria o carão cínico da tia velha.   

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