segunda-feira, 5 de outubro de 2015

O santarrão pecador



O ex-ministro Gilberto Carvalho tem curiosa explicação para os dissabores pelos quais o PT e o petismo vêm passando nos últimos anos. Aqueles homens e mulheres boníssimos se deixaram seduzir, a partir de 2003, pelos desafios de levar o Brasil pelas sendas da justiça e do desenvolvimento com “inclusão social”, claro, claro e não perceberam – oh, distração imperdoável – que os puros homens do PT estavam fazendo o mesmo que as “elites” sempre fizeram nos últimos 500 anos: furtar, roubar, se apropriar e outras condutas capituladas amplamente no Código Penal. Para o santarrão impenitente o pecado dos petistas foi esse: acharam a chave dos cofres públicos e um tanto desajeitadamente meteram a mão na grana, mas sempre em favor do bem comum, nunca em benefício pessoal para si ou para os familiares.

A explicação do antigo sacristão só se esquece de dizer algo muito mais simples: ninguém aprende a furtar quando chega ao governo. Já se chega lá perfeitamente formado, só mudando a magnitude dos valores surrupiados (suspeita-se que alguns dos gatunos mais notórios já tomavam chupeta do coleguinha ainda no berçário). A capacitação nas doutrinas de Caco se deu, e se dá, nas entidades estudantis, nas organizações sociais e em especial nos sindicatos onde os pelegos inimigos do trabalho se homiziaram. A CUT, por exemplo, é uma escola de extraordinária eficiência na promoção do treinamento da turma nas artes de usar o dinheiro alheio em prol de interesses particulares. Não é difícil demonstrar isso. Basta ver que os dois últimos tesoureiros do PT, não por acaso, acabaram no xilindró. 

O petismo – e aí está a novidade – só mudaram de patamar. Deixaram de saquear a conta do custeio das verbas públicas para saquear aplicadamente a conta do investimento. Em vez de ficarem a extrair sangue de pulgas (naquele esqueminha de dar “dois paus pra eu”). passaram a drenar a grana de criaturas de porte paquidérmico – Petrobrás, Bancos oficiais, Eletrobrás, Nuclebrás etc. – debaixo de cujo jorro eles estão agora a se afogar. Em suma, aprenderam a se cevar nas mega estruturas produtivas vinculadas direta ou indiretamente ao Estado. 

Foi-se aquele tempo romântico onde um capilé modesto dava para o gasto coletivo. Doravante o padrão é dos pixulecos, coisa de cachorro grande, quando o dinheiro é medido em dólares, milhões deles. Aliás, um outro fato, intrigante como poucos, ainda não foi posto em discussão. O PT vai devolver a grana desviada da Petrobrás, e outras empresas públicas, que ele recebeu ilicitamente conforme as denúncias da operação Lava-jato?

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