Eles passaram quatro anos repetindo: as pirotecnias da política econômica do governo Dilma estourariam depois das eleições.
O mais triste da crise atual é que ela foi anunciada.
Desde 2011, quando Dilma deu uma rasteira no tripé macroeconômico e passou a
desdenhar o câmbio flutuante e o controle de gastos e da inflação, economistas
previram que daria tudo errado. Não só previram, mas passaram os últimos anos
afirmando, repetindo e se esgoelando que daria tudo errado.
“A troca de crescimento por
inflação não é estável; com o tempo, o resultado é apenas inflação mais alta”,
disse o economista Alexandre Schwartzman em janeiro de 2012.
“O mais grave do quadro atual é
que este governo não demonstra que conhece – ou que concorde – com a
importância da preservação do tripé macroeconômico. Portanto, ele corre o risco
de desabar”, afirmou a jornalista Beatriz Ferrari na Veja de 18 de
abril de 2011.
“Risco é que o grau de
investimento seja retirado em 2015”, diz uma reportagem do Valor Econômico de
novembro de 2013. Paulo Vieira da Cunha, um dos economistas ouvidos pelo Valor,
disse: “quem está rodando modelos de análise da dívida pública já vê que ela
não é sustentável em um horizonte mais longo, entre 2015 e 2016”.
Há três anos, o economista
Adolfo Sachsida descreveu o cenário atual com uma exatidão incrível:
"Em 2014, como sempre acontece em
ano de eleições, o gasto público dará um salto. Inclua nesse cenário a
avalanche de medidas provisórias e intervenções governamentais na economia de
todo tipo, inclusive as do BNDES, que aumentam o gasto público e favorecem
setores eleitos pelo governo em detrimento do restante da sociedade. Em 2015, primeiro ano do novo
governo eleito, será o momento de pagar a conta da irresponsabilidade fiscal e
monetária do passado. Economizem dinheiro, pois quando a crise chegar quem
tiver liquidez (dinheiro em caixa) vai conseguir fazer excelentes negócios. A
partir de 2015 o Brasil amargará o mesmo tipo de cenário que já enfrentou no
começo dos anos 1980".
Esses economistas acertaram em
cheio, mas não era preciso ser um vidente ou um grande gênio da economia para
fazer essas previsões. Bastava ser um pouco mais inteligente que a equipe
econômica do primeiro mandato de Dilma.
(Leandro Narloch)
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