sábado, 7 de fevereiro de 2015

General Dilma



Dona Dilma parece piscar para os autoritários, os mesmos que ela disse ter combatido nos idos dos anos 60 e 70 do século passado. O discurso dela e deles tem notável similitude. As frases arrevesadas da madame, tão politicamente obscenas, poderiam ser confundidas, sem maiores dificuldades, com a daqueles generais cucarachas, bananeiros carrancudos, senhores sempre com grandes óculos escuros e a túnica coberta de medalhas coloridas. Compartilham simbolicamente os mesmos trajes e o mesmo espírito truculento.

Naqueles ditos anos de chumbo, os milicos arengavam contra as vivandeiras impenitentes que chaleiravam os bivaques. Outra curiosa imagem castrense - das mais repetidas - denunciava os pescadores de águas turvas, além da crítica aos inevitáveis defensores da tese do quanto pior, melhor. Pouca diferença há entre posições separadas por meio século. Dona Dilma é uma espécie de Costa e Silva modernizado, cujo espírito pode ter baixado na atual presidente. Outra possibilidade, bem plausível, é a da alma de Dilma ser uma síntese de Costa e Silva com Garrastazu Médici. Afinal foram os três forjados nos pagos gaúchos. Eles se entendem. Castelo Branco, não. Este era mais sofisticado. Também Geisel, homem íntegro, nunca se permitiria envolver com os gatunos petistas. Era gaúcho porém luterano. A religião o salvou. As almas penadas dos outros (com a eventual e secundária participação de Figueiredo), estariam bem acolhidas pela governante que nos infelicita. 

O lero-lero bolorento de dona Dilma, conforme se ouviu no aniversário do PT, centrado na defesa da Petrobrás e outras sinecuras governamentais contra supostos interesses nebulosos, é um salto para aquele distante passado dos generais matadores. Segundo declamou ameaçadora a ainda presidente, no último dia 7 de fevereiro, “os pescadores em águas turvas não vão acabar, nem com o modelo de partilha nem com a política de conteúdo local”, que dá suporte ao saqueio que a turma de Lula faz à Petrobrás.

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