segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Os carrapatos

Os tucanos não são lá muito conhecidos por sua capacidade de embate. Ao primeiro grito põem o rabo entre as pernas e se afastam, ganindo, do centro do terreiro. Com eles as disputas seriam sempre ao estilo do Itamarati: punhos de renda, perfídia e lero-lero. Quando enfrentam adversários forjados nas artes do gangsterismo, ficam chocados e perdem o rumo de casa, todos lacrimejantes, com a falta de civilidade do outro. 

Ao contrário dos Habsburgos (que não esqueceram nem aprenderam nada), os tucanos só ficaram no deficit de aprendizagem. Para os petistas, ao contrário, luta política  é sinônimo de briga de rua, ambiente onde vale tudo, de chute na canela a dedada no olho, passando por, se necessários, atentados contra a vida até de aliados. Transplantando para os pleitos eleitorais os métodos vigentes no ambiente sindical, dona Dilma e seus sicários agem pautados pelo princípio: o único erro é perder. As três últimas eleições presidenciais ilustram bem as duas concepções em confronto. 

A frenética resistência dos petistas a eventuais derrotas tem uma explicação que vai além da natural vontade de permanecer no poder. Sua organização obedece a uma lógica totalitária, onde Partido, Governo e Estado perdem suas linhas divisórias. Orientados pela concepção leninista da profissionalização dos seus quadros políticos partidários, os petistas temem, mais que tudo, a perda de sua fonte de renda. Seu modo de vida se ancora na devota dedicação à "causa", tornando-os incapazes de tirar sua subsistência de outra forma honesta e reconhecida como tal. 

Partidos liberais, ou constitucionais, também fazem nomeações para cargos de governo quando são vitoriosos. Mas, havendo derrota eleitoral, as pessoas nomeadas retornam ao seu viver cotidiano e costumeiro, entregando os postos temporariamente ocupados. Os petistas, não. Similares a carrapatos, só vão longe quando grudados no lombo do boi, ou dentro das orelhas dos equinos. Expurgados ou fumigados de alguma maneira qualquer, desabam no chão e lá ficam - envelhecendo a fome - à espera de outro quadrúpede desavisado que por ali passe, e lhes sirva de alimento e montaria. 

A arraia miúda petista, no entanto, difere de maneira substancial dos altos companheiros, ou neo-comissários do povo. Se arrancados das suas boquinhas, gemem de fome, enquanto esperam o outro giro da roda da fortuna. Já os mandarins, escolados e sagazes, logo se enturmam com frações do empresariado e se tornam seus consultores. 

O mais notório deles - o mensaleiro José Dirceu - sob o disfarce honrado de consultor, não era mais que lobista de grandes grupos empresariais. Na mesma senda também caminhou o ex-ministro Palocci, ex-trotskista, bom companheiro e amigo do empresariado quatrocentão paulista. Já na periferia dos grandes negócios, os petistas precisam se contentar em roer um osso descarnado pelos cantos a rabear de fome. Foi o caso do ex-ministro Pimentel, notório pelas suas ditas consultorias, ou a empresas de fundo de quintal, ou a empreiteiros credores dos cofres públicos. Suas artes se estenderam, também, ao artifício de morder a pelegagem patronal, para dali extrair uns caraminguás (diz-se, à boca pequena, que orientou os empresários mineiros, através da Federação das Indústrias, sob como fazer para ficarem ricos - parece piada, e é - mediante módicas centenas de milhares de reais). Caiu na rede é peixe, seja grande ou pequeno: não se pode desprezar nada. 

O caso de fabriqueta de tubaína localizada em Pernambuco é digno de virar comédia. Incapaz de orientar adequadamente um produtor de água com xarope adocicado (se é que, de fato, prestou consultoria e, não, comprado nota fiscal para cobrir caixa dois), Pimentel quis, no entanto, se arvorar em czar da política industrial brasileira, cujos resultados deploráveis, confirmados por insuspeitos órgãos governamentais - como o IBGE - são reportados na grande imprensa dia após dia. O expert consultor de tubaína, evidentemente, quer dar um up grade em sua variada biografia. Pretende, agora, se eleger governador de Minas Gerais. Nisso, pelo menos, ele se assemelha a dona Dilma. Ela igualmente, gerenciando uma lojinha de produtos de R$0,99, conseguiu a façanha de quebrar o empreendimento. Mas se julgou competente para dirigir o Estado brasileiro (o exemplo da Petrobrás, sob sua tutela direta, é uma demonstração cabal do nível de leviandade e irresponsabilidade alcançado pela gerentona). Pimentel, o homem da tubaína fracassada, amigo dileto e parceiro leal de dona Dilma, aquela que assina documentos oficiais sem os ler, dinamitaram o parque industrial brasileiro nos últimos anos. E ainda têm a coragem, ambos, de se auto-denominarem bons de serviço. Só se for serviço sujo. Quem duvidar pesquise os fatos e acontecimentos de 2010, e a sórdida participação de Pimentel nas trapaças eleitorais, àquela época urdidas. Esse é o homem!        

    

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