quinta-feira, 28 de agosto de 2014

A beata e a herege

A candidata oficial está em palpos de aranha. Marina Silva avança sobre os redutos de dona Dilma - os mais pobres - considerados seus eleitores cativos. Logo logo, não será surpresa se a ex-senadora aparecer nas pesquisas liderando a corrida presidencial.

Para fazer média com os evangélicos, a patusca madame presidente houve por bem declamar versículo bíblico em reunião de mulheres da igreja Assembleia de Deus, em São Paulo. Disse ela, não sem oculta impiedade: "feliz a nação cujo Deus é o Senhor". Se Marina Silva o tivesse dito, soaria natural, dada sua fiel devoção à Palavra. Provindo da outra, faz lembrar advertência do Divino Mestre aos fariseus, retomando a inspiração de Isaías: "Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim" (Mt - 15:8).

Pouco adiantará a dona Dilma receber apoios de bispos endemoniados, herdeiros longínquos de Anás e Caifás. Tais mercadores da fé podem erigir quantos templos quiserem, e onde quiserem, que não haverá neles virtudes a comemorar. Enganam-se supor que a massa de fiéis os acompanhará em suas opiniões políticas e eleitorais. A comunicação de Marina com os fiéis e crentes faz-se por baixo, evocando símbolos compartilhados que tocam o coração das pessoas. Basta olhar o carão plastificado da atual presidente para perceber a desconexão entre suas palavras e sua postura corporal. Devido a isso, entre outras razões, as preferências do povo evangélico tem-se feito de maneira incisiva a favor de Marina, conforme se pode deduzir da última pesquisa do IBOPE tornada pública. Para cada voto evangélico dado a dona Dilma, Marina recebe dois. 

As condutas de dona Dilma são postiças não somente no campo da religiosidade. Ainda ontem, ela visitou um restaurante em Bangu, no Rio de Janeiro (com bandejão a R$1, local aonde ela nunca fora antes). Circulou desajeitadamente entre as mesas e a multidão de gente humilde que lá comparece todos os dias pra rangar. A presença da rotunda senhora foi como se um ET tivesse acabado de desembarcar em plena Praça 7, no centro da capital mineira. Pura marquetagem que não engana, nem enganou ninguém. 

Dona Dilma quer fingir que é humilde. Sentou-se, no tal restaurante popular carioca,  em lugar previamente marcado por um puxa saco, e beliscou a gororoba servida, sem saber se pegava o garfo com a mão esquerda ou a direita; deixando a maior parte da comida pra trás, tratou de se escafeder do meio daquela confusão pois, enfim, as imagens para a propaganda eleitoral ficaram prontas e isso é que importava. Dona Dilma, boa petista que é, parece gostar muito da pobreza, mas isso não é o mesmo que gostar dos pobres. Deve ter gastado litros de álcool, posteriormente, a desinfetar as mãos.   

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