quinta-feira, 10 de julho de 2014

Muita promessa...

...E pouco atendimento! Não pense algum desavisado que o título deste artigo, e sua continuação no início deste texto, faça  parte de algum receituário gerado nos porões obscuros do palácio do Planalto. Ou seja fruto do vadio e imaginoso espírito marqueteiro de Lula da Silva, harmonizado com eventuais emanações do cérebro sáfaro de dona Dilma. Felizmente não é assim tão vulgar. Trata-se, de fato, de um verso da Divina Comédia que anuncia pérfido conselho – recebido de um aventureiro, e acatado pelo papa Bonifácio VIII – desejoso de derrotar seus inimigos de então, os cardeais Colona. São antigas, como se vê, as deploráveis práticas a que se entregam os políticos (pátrios e de outras plagas também): prometer muito, e pouco cumprir das promessas.

Fazendo o diabo em época de eleições, como já pontificou a atual presidente, imagine-se o que não fariam nossos dirigentes, caso tivessem lido na íntegra a obra de Dante Alighieri, tão ricamente ilustrada com pecados e perversões os mais diversificados. Sob tal inspiração o país viraria uma festa! De arromba! Sorte nossa que Lula seja pouco dado às letras clássicas, se é que é dado a alguma. E do vernáculo, dona Dilma não domine quantidade de palavras superior à de um funkeiro mediano. Até em coisas das mais triviais o Brasil se empobreceu nos últimos tempos: em vez de trinca de patetas, temos agora apenas uma dupla. Relembre-se, a propósito, que Ulisses Guimarães tachou de "três patetas" o triunvirato militar que se apossou do governo após a morte de Costa e Silva. 
       
O deplorável casal petista, verso e reverso de um mesmo disco arranhado, não possui o mínimo daquilo que se chamava antigamente de semancol. Lula e dona Dilma não “se mancam”, não desconfiam, ou fingem não desconfiar, que seu tempo acabou. Zumbis insepultos que se recusam a ir para a cova, continuam a agir como se o Brasil não estivesse a mudar, grávido, ansioso por novos tempos e novas caras na condução do país. Um país ansioso, sobretudo, por palavras que lhe toquem o ânimo e o estimule na busca de um tempo mais civilizado. 

Os brasileiros estão fartos das vulgaridades costumeiras de Lula, e das tronchices com as quais dona Dilma fere dia a dia nossos ouvidos e  sensibilidade. Uma inspeção nos arquivos da internet mostrará a qualquer curioso a magnitude da estupidez e da mais granítica ignorância de ambos frente a assuntos corriqueiros. Enfim, basta ler e ouvir para crer quem são os atuais dirigentes do Brasil.

Lula e Dilma arregimentaram em torno de si o lixo político e cultural produzido em cinco séculos da história brasileira. De tal união brota o chorume repulsivo que alimenta figuras emblemáticas como Sarney, Collor, Dirceu e Maluf. As recentes manifestações e censuras públicas ligadas à realização da Copa do mundo não passam de um sintoma do que fermenta sob a superfície. Quem mais vai acreditar em promessas desses embusteiros? Que pessoa normal consegue imaginar a nação conduzida, nos próximos anos, por gente tão desqualificada cujo maior legado foi a institucionalização da corrupção, da propaganda desavergonhada, da mentira e das falsas promessas? O Brasil está farto de tais trapalhões. Os eleitores têm sinalizado pela rejeição ao nome de dona Dilma, que desejam mudanças. Entretanto, não se viu ainda uma clara opção alternativa. Nas simulações que os institutos de pesquisa publicam, as oposições ainda patinam no mesmo lugar. Os discursos dos pretendentes oposicionistas soam perigosamente similares uns aos outros. Por surpreendente que possa parecer, o único que tem se manifestado de forma clara e inequívoca é o pastor Everaldo Pereira, candidato do nanico PSC, falando com firmeza à expressiva base evangélica disseminada por todo o país. Os dois nomes mais em evidência - Aécio Neves e Eduardo Campos - parece estarem a oferecer apenas mais do mesmo. Suas bases programáticas são variantes daquilo que o petismo implantou nos últimos doze anos, com acréscimos cosméticos e pontuais aqui e ali. Talvez por isso o aparente paradoxo: o povo não quer dona Dilma, mas ainda não indicou aquele que melhor interprete o desejo eleitoral da maioria em outubro próximo. Frente ao lenga-lenga burocrático e administrativista de Campos e Aécio, não causaria surpresa um crescimento dos índices eleitorais do pastor Everaldo.  

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